Escrito por: ISP

A luta por direitos e serviços públicos de qualidade passa pela luta do povo negro

Em nota alusiva ao Dia da Consciência Negra, os Comitês de Jovens e de Raça e Etnia da ISP Brasil reafirmam que o 20 de novembro é uma data para recontar uma história invisibilizada pela Casa Grande

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Neste 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, data que remete à morte do grande herói brasileiro, lutador do povo negro – Zumbi dos Palmares – são simbolizadas as lutas e as conquistas do povo negro no Brasil. Zumbi vive, em cada militante, em cada movimento comprometido com as lutas do nosso povo, assim como se mantêm vivos seus ideais. Do mesmo modo, se mantêm vivos os ideais de Dandara, mulher, negra, lutadora. Trata-se de uma data que ajuda a recontar uma história por muito tempo invisibilizada, contada de acordo com os interesses da Casa Grande. Trata-se, também, de uma data de Luta, de conscientização sobre demandas ainda enfrentadas pelo povo negro e de mobilização para os enfrentamentos necessários. 

Séculos de escravidão, de segregação, de violência em diversos níveis, reproduziram violações de direitos e precarização das condições de vida do povo negro no Brasil. As desigualdades sociais, tão marcantes no país, são observadas de maneira brutal na população negra, seja no mundo do trabalho, com desigualdade salarial, precarização, assédio, seja na dificuldade de acesso a bens e serviços, como saneamento básico, ensino superior e saúde, seja no direito de ir e vir, e, até mesmo, o simples direito de existir. Sobre este último aspecto, temos a destacar os índices alarmantes de violência contra a população negra, em especial contra a juventude, conforme nos mostra o Mapa da Violência, publicado em março deste ano: a taxa de homicídios entre jovens negros é quase quatro vezes maior a verificada entre os brancos; a cada 23 minutos um jovem negro morre assassinado no Brasil; em média, são 63 jovens negros assassinados por dia; segundo dados do Sistema Integrado de Informação Penitenciária (InfoPen) de 2015, mais de 60% dos presos no Brasil são negros ou pardos; 54% são jovens. São números que expressam um triste cenário no qual se percebe a influência marcante do Estado, seja por omissão e/ou conivência frente a crescente violência na sociedade, reflexo de diversos problemas sociais, seja por ação direta, como no caso da violência policial e do encarceramento em massa. 

Esse cenário, infelizmente, tende a se agravar com a agenda do governo ilegítimo de Michel Temer, que pretende congelar investimentos sociais, retirando direitos e perpetuando as desigualdades, ao mesmo tempo que busca consolidar a repressão por meio do Judiciário e dos aparatos policiais contra as minorias, contra os pobres, contra o povo lutador e trabalhador deste país. Cabe lembrar que o atual governo praticamente extinguiu a SEPPIR – Secretaria Especial de Políticas de Promoção de Igualdade Racial – retirando seu status de Ministério, vinculando-a a uma subpasta do Ministério da Justiça. 

Lutamos por um Estado garantidor de direitos e promotor de justiça social, um Estado que demonstre sua força no combate às desigualdades, no fortalecimento das políticas públicas, na proteção social, e não na mão pesada contra seus cidadãos. Entendemos que o combate ao racismo requer esforços conjuntos entre os movimentos, através de uma ampla gama de práticas que contemple intervenções culturais, sociais e políticas e, enquanto jovens sindicalistas, trabalhadores e trabalhadoras do serviço público, não nos furtamos deste debate, convictos de que a Luta por ampliação e garantia de direitos, por serviços públicos de qualidade, por democracia e por um Brasil mais justo e igualitário, passa, fundamentalmente, pela Luta do povo negro. 

Viva Dandara! Viva Zumbi! Não à retirada de direitos! Não à perpetuação das desigualdades! Basta de violência contra o povo negro!