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Atividade da Marcha Mundial das Mulheres na reunião paralela a Cupula dos BRICS

O modelo de desenvolvimento econômico e o impacto na vida das mulheres

Publicado: 14 Julho, 2014 - 00h00

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Fortaleza, no Ceará, receberá nos dias 14 e 15 de julho de 2014 a VI Cúpula dos BRICS, evento que reúne os/a chefes de Estado dos países que compõem o chamado bloco emergente da economia: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. É o maior bloco emergente da atualidade. Abriga quase metade da população do mundo (43%) e tem uma participação no PIB mundial equivalente ao da União Europeia ou EUA [1]. Os países componentes desse bloco caminham para serem possíveis potências econômicas mundiais em 2050, caso mantenham o atual ritmo de desenvolvimento econômico.
O encontro no Brasil pretende fortalecer as relações econômicas, comerciais e financeiras entre os países BRICS, já que, dentre outras negociações, estará na pauta da reunião além da criação de um banco de desenvolvimento multilateral, o financiamento de investimentos em áreas estratégicas de infraestrutura, tais como no setor energético nos cinco países. Estes setores estão articulados com grupos e empresas transnacionais dentre as quais a Vale. Percebe-se, assim, a busca por um novo equilíbrio de poder em termos políticos e econômicos, frente aos blocos econômicos liderados por Estados Unidos e União Européia.
Vemos a Cúpula dos BRICS como fato político que está nos mobilizando, no sentido de dar visibilidade e possibilitar a construção de estratégias de aproximação e diálogo entre setores organizados da sociedade civil e a população em geral. Essa aproximação poderá trazer maior qualidade às nossas denúncias e alternativas às estruturas que organizam o atual modelo e incisobre o modo como têm se processado a política externa brasileira e os jogos políticos e econômicos daí resultantes.
Para nós, mulheres da MMM, é o momento para denunciarmos mais uma vez as ofensivas do capitalismo patriarcal contra a natureza, os direitos das trabalhadoras, o controle sobre o corpo e a vida das mulheres. Estas ofensivas se materializam em propostas como as dos bancos de desenvolvimento multilateral que financiam cada vez mais projetos em que as mulheres são expulsas de seus territórios pelos megaprojetos nas áreas urbanas, pelas empresas extrativistas e pelo agronegócio.
Esse será um momento onde refletiremos coletivamente sobre de que forma o atual modelo de desenvolvimento capitalista e patriarcal tem impactado sobre a vida das mulheres em seus países e territórios, onde as grandes corporações e suas empresas têm explorado os bens naturais, o corpo e a vida das mulheres na busca desenfreada por lucro. Conheceremos as experiências de luta das mulheres contra a construção do Perímetro Irrigado de Santa Cruz, em Apodi/Rio Grande do Norte, que despejará 800 famílias das terras onde elas vivem e trabalham para beneficiar 6 grandes empresas do hidronegócio.
Teremos ainda a oportunidade de saber as mulheres moçambicanas têm se organizado contra a implementação do Prosavana. O ProSavana fundamenta-se no aumento da produção e produtividade baseada em monoculturas de exportação (milho, soja, mandioca, algodão, cana de açúcar, etc), que pretende integrar camponeses e camponesas nesse processo produtivo exclusivamente controlado por grandes corporações transnacionais e instituições financeiras multilaterais, destruindo os sistemas de produção da agricultura familiar. Há ainda processos de usurpação de terras das comunidades locais por corporações brasileiras, japonesas e nacionais; bem assim de outras nações.
Pretendemos, então, denunciar esses processos de expulsão e entrega para grandes empresas dos territórios, que impacto mais fortemente sobre a vida das mulheres, e buscar nos fortalecer nossa solidariedade internacional.
Palestrantes: Conceição Dantas (Coordenação Nacional da MMM/RN-Brasil) e Graça Samo (Coordenadora Internacional da MMM/Moçambique)
Data: 16/07
Horário: 9h às 12h