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Com a renúncia de Jean Wyllys, perdemos todos nós!

Em nota, a Confetam/CUT se solidariza com deputado e defende a luta pelas liberdades em tempos sombrios de fascismo.

Publicado: 26 Janeiro, 2019 - 12h26

Escrito por: Confetam/CUT

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Nas redes sociais, Bolsonaro debochou da renúncia do deputado do PSOL: “Grande dia!”

A Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal (Confetam/CUT) presta inteira solidariedade ao deputado federal reeleito pelo PSOL do Rio de Janeiro, Jean Wyllys, impelido, por questões de segurança, a abrir mão de assumir seu novo mandato, no dia 1º de fevereiro. Apontado como o primeiro exilado político do governo de ultradireita de Jair Bolsonaro, Wyllys anunciou que não retornará ao Brasil depois de férias no exterior.

Num país onde mais se mata a população LGBT no mundo, lamentamos que o parlamentar, cuja principal bandeira de luta é a defesa da diversidade, tenha renunciado a uma carreira política promissora e a viver ao lado da família em sua pátria por causa de ameaças de morte em função de sua condição sexual e política.

A difícil decisão de Wyllys, obrigado a viver sob frágil proteção policial no Brasil, revela o grau de comprometimento da democracia brasileira, confirmado pela reação de Bolsonaro à notícia. Ao invés de tentar reverter a decisão, de envidar esforços para garantir segurança ao parlamentar e de determinar celeridade às investigações sobre as ameaças, o presidente da República comemorou a renúncia de seu principal adversário na Câmara Federal. “Grande dia!”, debochou nas redes sociais, evidenciado, mais uma vez, o completo despreparo e a falta de postura de Bolsonaro como chefe de Estado.

Vítima de uma sórdida campanha de fake news patrocinada por correligionários do novo presidente, Wyllys anunciou a decisão de não mais voltar ao Brasil depois da divulgação do envolvimento do filho mais velho de Bolsonaro com milicianos suspeitos do assassinato da vereadora do Rio, Marielle Franco (PSOL). Ao contrário de Jean, Marielle não recebia ameaças explícitas de morte e, mesmo assim, foi executada

Engana-se quem acredita que apenas a luta em defesa da população LGBT ficará desfalcada no Congresso Nacional. O exílio forçado do deputado do PSOL calará mais uma voz em defesa da democracia, dos direitos, da população mais pobre e das minorias discriminadas. Mas não silenciará o grito de indignação daqueles que ainda acreditam e lutam pelas liberdades nesses tempos sombrios de fascismo institucionalizado.

Com a ausência de Jean Wyllys na tribuna da Câmara dos Deputados, perde a democracia, perde o país, perdemos todos nós!

Fortaleza, 26 de janeiro de 2019

Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal – Confetam/CUT