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Com ato e carreata, Sindsep e entidades sindicais deflagram greve na educação municipal de SP

Dirigentes seguiram ao 16º DP para registrar BO pela preservação de direitos e constrangimento ilegal de profissionais, que estão sendo obrigados pela prefeitura de São Paulo a voltarem às aulas

Publicado: 10 Fevereiro, 2021 - 18h33

Escrito por: Cecília Figueiredo

Pedro Canfora/Sindsep
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Vlamir Lima, diretor do Sindsep e da Confetam, falou da necessidade de testagem e vacina para todos

O Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep/SP), junto com Aprofem e Sedin, realizaram nesta quarta (10) um ato-carreata em frente a Secretaria Municipal de Educação deflagrando a greve contra o retorno das atividades presenciais nas escolas municipais. A mobilização, que paralisou parcialmente a rua Borges Lagoa onde está sediada a Secretaria de Educação da Prefeitura de São Paulo, durou mais de uma hora e deixou um claro recado: Trabalho remoto de todos/as profissionais da educação até que o Poder Público garanta segurança sanitária para o retorno presencial.

“A nossa intenção, nesse primeiro dia de greve, que já vem sendo construída e desejada desde 2020, é estabelecer um diálogo com a Secretaria Municipal da Educação. Uma greve que vem sendo desejada pela categoria há muitos meses. Em 2020, conseguimos remover o retorno às aulas em setembro, que era intenção da SME, em troca de alguns testes e improvisação de escolas municipais. A resistência das entidades sindicais deram conta de remover essa intenção perversa, que traz junto um projeto privatista da educação municipal, seja através de vouchers, compra de vagas na educação infantil e de relações muitos suspeitas que tivemos que combater no ano passado”, disse Maciel Nascimento, secretário de Trabalhadores da Educação do Sindsep, ao lembrar que os trabalhadores não pararam o ano passado, mesmo em regime remoto.


Maciel Nascimento, diretor do Sindsep, em fala durante o ato - Foto: Pedro Canfora/Sindsep

Em outro ponto da cidade, bem em frente à Prefeitura de São Paulo, outra mobilização “Luto por uma escola sem Luto”, uma comissão de ATEs e profissionais de outras categorias da Educação trajando roupas pretas depositaram coroas de flores como num velório, em protesto à volta das atividades presenciais, sem segurança. O dirigente do Sindsep comentou: “outras manifestações estão ocorrendo na cidade e a greve tende a crescer, a exemplo da luta contra o Sampaprev, que levou 100 mil às ruas”.


Em frente à Prefeitura, trabalhadores levaram coroas de flores estampando a frase "luto por uma escola sem luto"


As entidades sindicais presentes no ato em frente a SME reivindicam a manutenção de trabalho remoto a todos que trabalham nas escolas e CEUs, adoção de logística adequada, com a distribuição de multimeios tecnológicos, vacinação dos profissionais de educação, aquisição de mais vacinas com recursos que o governo municipal tem em caixa, testagem em massa para isolar o vírus e manter o controle da doença, equipamentos de proteção de qualidade e em quantidade suficiente, suporte social às famílias dos estudantes infantil ao ensino médio.

As entidades também foram taxativas ao afirmar que não aceitarão que a Prefeitura responsabilize gestores de escolas pelo fracasso de ações de combate à vulnerabilidade das comunidades.


Diretores do Sindsep marcam presença em ato e carreata da educação - Foto: Pedro Canfora/Sindsep

De acordo com o dirigente da Aprofem, Paulo Soares da Rocha, as escolas não têm condições sanitárias para reabrir. “As intenções desse retorno presencial não tem a ver com qualidade de ensino, da criança estar na escola, se alimentando etc.  Há interesses obscuros por trás disso. Gostaria de saber se o secretário de Educação, prefeito e governador de São Paulo tivessem filhos em escolas públicas, elas seriam reabertas? Então, nós precisamos nos unir para fortalecer esse movimento e assim a sociedade entender o quanto é perigoso retomar as atividades presenciais. A vida não é brincadeira”, afirmou, ao pedir que essa discussão seja levada para os conselhos.

Na mesma linha Claudete Alves, presidenta do Sedin, reforçou que é preciso seguir em defesa da segurança dos trabalhadores da Educação, do trabalho remoto, além da compra de vacinas. “Para que mais vidas não sejam ceifadas”, salientou, ao lembrar que espera que a greve seja rápida, mas garanta um canal efetivo de diálogo para organizar a retomada das atividades presenciais com a segurança necessária. Já o vereador Celso Giannazzi acredita que o governo tenta transferir a responsabilidade de possíveis mortes para os pais e isso não pode acontecer.

O representante do coletivo Educadores em Luta, Denilson, parabenizou a iniciativa dos sindicatos em chamarem os servidores para se organizarem para uma greve. “Esse é o primeiro passo capaz para construir uma greve geral, que será capaz de derrotar esses governos nazistas na Prefeitura, Estado e em nosso país”. Da mesma forma, o representante do Conlutas reforçou em sua fala que as escolas sucateadas nas periferias não têm condição de reabrir com segurança. Nesse sentido, a greve é uma ferramenta importante para salvar vidas e para fortalecer o “Fora Bolsonaro, Fora Doria e Fora Covas”.

Nelson Galvão, diretor adjunto da Confederação Nacional dos Trabalhadores de Educação (CNTE), que também é professor da rede municipal, falou da precarização dos serviços públicos, congelamento de verbas nas políticas públicas da Educação e Saúde, parabenizou a iniciativa e disse que vê nela um preparo para o dia 8 de Março, quando haverá o Dia Nacional de Paralisação em Defesa da Escola Pública.

Vlamir Lima, dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal (Confetam/CUT), acredita que é preciso a unidade de servidores públicos para ampliar essa luta, que é pela vida, contra o desmonte dos serviços públicos e a reforma administrativa. “Os governos não nos deram condições durante toda essa pandemia para trabalhar. Essa pandemia continua nos adoecendo e matando. É preciso que tenha vacina para toda a população, testagem para todos”.

Em seguida, os manifestantes saíram em carreata até o 16º Distrito Policial para registrar um boletim de ocorrência pela preservação de direitos. “Estamos tratando também do constrangimento ilegal da Prefeitura de São Paulo em exigir que os profissionais de educação arrisquem suas vidas nessa volta que está colocada. Esse boletim de ocorrência não é simbólico, ele tem o poder de abrir a discussão em outras instâncias, incluindo a abertura de um inquérito para apuração dos riscos à saúde não somente dos profissionais de Educação, mas das crianças que frequentam escolas, das famílias. Portanto além do Tribunal de Justiça, queremos abrir outras possibilidades. Essa greve é pra valer, ela é das famílias também”, explicou Maciel Nascimento.

O investimento do Poder Público nas unidades escolares, na avaliação de Alexandre Gianecchinni, coordenador da Região Leste do Sindsep, é fundamental para a reabertura. “Não tem vacina nem para os profissionais de saúde, que dirá para os profissionais de Educação...Não é possível uma abertura nesse momento, sem a mínima condição que é dos profissionais e população vacinados. Uma volta dessas coloca em risco não apenas os profissionais, mas as crianças e suas famílias”, reiterou.