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Com debates sobre paridade, renovação sindical e combate ao racismo, Central dá início a encontro

Abertura oficial acontece à noite com a presença de Lula

Publicado: 29 Julho, 2014 - 00h00

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Os coletivos que compõem a estrutura da CUT reuniram-se nesta segunda-feira (28), primeiro dia da 14ª Plenária Nacional, para afinar as estratégias de luta em defesa dos pontos que consideram estratégicos.
Logo no início da manhã, o que deveria ser uma reunião reduzida do coletivo das trabalhadoras, tornou-se um grande encontro com mais de uma centena de cutistas. Exemplo da capacidade de mobilização e de participação. A expectativa é que ao menos 43% das pessoas que participam da Plenária sejam do sexo feminino.
De acordo com a secretária nacional de Mulheres da CUT, Rosane Silva, o objetivo principal das delegadas neste encontro é potencializar a luta por paridade, aprovada no 11º Congresso da Central, em 2012.
“O momento é de articular e mostrar ao conjunto de dirigentes que as mulheres têm protagonismo, acúmulo político e programático, e estão preparadas para ocupar os espaços de poder”, afirmou
Calendário de lutas – O encontro também discutiu as ações de 2015, um ano de intensa mobilização para as trabalhadoras. No mês em que comemoram o Dia Internacional da Mulher, as cutistas também promovem entre os dias 13 e 15 de março um encontro nacional com duas mil militantes para discutir a implementação da paridade nas direções nacional e estaduais da CUT.
Nos meses seguintes acontecem duas marchas: no dia 13 de maio, a Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo, Violência e pelo Bem Viver, e em agosto, ainda sem data definida, a Marcha das Margaridas.
Coordenadora da ação contra a discriminação racial que terá a Central como uma das parceiras, Kika Silva, destacou a importância da manifestação para avançar sobre o racismo institucionalizado no país.
“A partir de 2003, tivemos avanços como a criação das políticas de cotas, mas as mulheres que têm acesso ao ensino universitário, à qualificação, quando chega ao marcado de trabalho, ouvem que não se enquadram no perfil da empresa porque conta da sua cor e do gênero. É a forma que o capitalismo encontrou para substituir a antiga exigência pela chamada ‘boa aparência”, definiu.
Perfil da juventude trabalhadora
Dificuldade em renovar as direções das entidades sindicais e, consequentemente, em ocupar os espaços da CUT e atrair o jovem para participação no movimento sindical. Esta foi a conjuntura exposta pelos dirigentes que participaram da Plenária Nacional da Juventude cutista.
A CUT considera como parte da juventude trabalhadora todos aqueles e aquelas com idade até 35 anos. Por este recorte, a juventude representa 11% do total de dirigentes da Central, segundo informações de 2014.
Considerando a Executiva Nacional da CUT, a participação recua ainda mais, para apenas 8%. Sobre os dirigentes das CUTs Estaduais, os jovens representam 11,2%.
Estes dados constam na 3ª edição da revista da Juventude da CUT cuja temática é “as negociações sindicais no campo e na cidade”. A publicação será lançada na noite desta terça-feira (29).
Dividida em quatro partes, apresenta uma pesquisa do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) sobre o perfil dos/as dirigentes da CUT e a opinião sobre a juventude da Central e traça o diagnóstico sobre a negociação coletiva e a regulação do trabalho juvenil.
Alfredo Santos Jr., secretário nacional de Juventude da CUT, ressalta que são poucas as negociações coletivas que possuem cláusulas relacionadas à juventude e, mesmo assim, não apresentam nada distinto da legislação vigente.
A partir deste cenário, a publicação da Secretaria Nacional de Juventude da CUT propõe cláusulas para a negociação coletiva no tema de juventude, como a aplicação da Convenção 140 da OIT (licença remunerada para estudos) e a determinação de pagamento de salário igual para trabalho igual, independente da idade.
Propostas para ampliar a participação dos jovens – Na última reunião do Coletivo Nacional de Juventude, realizada no primeiro semestre deste ano, aprovou-se duas emendas encaminhadas pela Secretária de Juventude da CUT à Plenária Nacional.
As emendas aditivas que propõem mudanças no parágrafo 40 do Estatuto da CUT versam sobre o estabelecimento de um limite para que cada dirigente da CUT Nacional e das Estaduais da CUT possa exercer, no máximo, dois mandatos na mesma Secretaria e a idade máxima de 35 anos no ato da posse para o dirigente que assumir a secretaria de juventude da CUT Nacional e das Estaduais.
“Ampliamos nossa atuação em espaços externos, como por exemplo, no Conjuve (Conselho Nacional de Juventude), mas ainda temos dificuldade em estabelecer o debate para dentro da CUT”, analisou Alfredo.
As emendas vão a voto na tarde desta quarta-feira (30).
Fortalecer as ações afirmativas – Durante reunião do Coletivo de Combate ao Racismo da CUT nesta segunda-feira (28), representantes de entidades cutistas de todo o Brasil decidiram focar as ações do movimento no aprofundamento das políticas de combate à discrimanação. A decisão é baseada no resultado da pesquisa elaborada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) que aponta dificuldade na implementação de políticas de igualdade racial mesmo com a presença de 64,2% de negros e pardos na direção nacional da Central, e 65,8% de negros na direção das Estaduais. A íntegra da avaliação será divulgada nesta terça-feira (29).
Segundo a Secretária de Combate ao Racismo da CUT, Maria Júlia Nogueira, o principal passo para a mudança seria o maior envolvimento de dirigentes e sindicalistas. “Nesse contexto, incluímos a ‘Campanha Permanente de Combate ao Racismo’, que consideramos fundamental para empoderar os dirigentes e extrapolar a abrangência do movimento sindical quando o assunto é combater o racismo”. O lançamento acontecerá nesta terça (29) para estados e ramos da CUT.
Para a Secretária de Promoção da Igualdade Racial da Contracs e representante das domésticas em Campinas, Regina Teodoro, o mundo sindical é reflexo da sociedade. “A essência da sociedade, com seus preconceitos, suas dificuldades e sua força, está, claro, também no movimento sindical”. A Contracs também elabora em 2014 um diagnóstico das ações efetivas de combate ao racismo praticadas por suas filiadas.
Também ficou aprovado que haverá um recorte racial da Plataforma da Classe Trabalhadora da CUT que será enviada para o Instituto Sindical Interamericano pela Igualdade Racial (Inspir), para que sirva de fonte para ações de combate ao racismo.
Fonte: CUT Nacional