Escrito por: Thiago Marinho

Confetam convoca os municipais do Brasil para o “Fora Bolsonaro Racista” deste sábado (20/11)

Neste sábado (20), Dia da Consciência Negra, acontece em todo o Brasil as manifestações do “Fora Bolsonaro Racista”.

Divulgação
Os protestos estão organizados em mais de 60 cidades até o momento.

Neste sábado (20), Dia da Consciência Negra, acontece em todo o Brasil as manifestações do “Fora Bolsonaro Racista”. Este será o grito que se ouvirá nas ruas de todas as capitais e várias cidades do país. Este ano, em uma data tão emblemática, os manifestantes vão levar às ruas as pautas da classe trabalhadora e as da luta antirracista no Brasil. As mobilizações organizadas pelos movimentos negros serão unificadas com os atos pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro.

A unidade no ato #20NForaBolsonaroRacista, que tem também pautas como a geração de emprego decente, pelo fim da fome e da miséria e contra a política econômica do governo Bolsonaro foi consenso entre as entidades que integram a Campanha Nacional Fora Bolsonaro e as que organizam, já há alguns anos, os atos de 20 de novembro.

Os protestos estão organizados em mais de 60 cidades até o momento – tanto no Brasil quanto em cidades do exterior. Ainda há coletivos, sindicatos e organizações que estão em processo de preparação de atos.

Nós da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal (Confetam) convocamos que todos, todas e todes estejam nas ruas neste sábado. Um dia de protesto contra a gritante desigualdade social brasileira e a necessidade urgente de corrigir essa distorção para que a sociedade possa evoluir. No Brasil, a maioria populacional é negra e representa, hoje, 56% da população segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).  A data também é um marco para celebrar a cultura africana e seus impactos na nossa cultura em vários aspectos: dança, música, religião, culinária e idioma.

> Motivos são muitos para irmos as ruas no sábado, mas enumeramos pautas que estão ligadas à população negra e os retrocessos dos últimos anos:

- Racismo estrutural

A escravidão no Brasil deixou marcas profundas de desigualdade em todas as estruturas de poder no Brasil. Disparidade que orienta até os dias de hoje as relações econômicas, sociais, culturais e institucionais do país. No pós-abolição, em 1888, pessoas negras não tiveram acesso à terra, indenização ou reparo por tanto tempo de trabalho forçado. Muitos permaneceram nas fazendas em que trabalhavam em serviço pesado e informal. Foi a partir daí que se instalou a exclusão de pessoas negras dentro das instituições, na política, e em todos os espaços de poder. As questões centrais que mantém esse processo longo de desigualdade entre brancos e negros se desdobram no genocídio de pessoas negras, no encarceramento em massa, na pobreza e na violência contra mulheres.

- Falas racistas do Governo Federal

Nunca um governo teve tantas falas contra a população negra, seja pelo chefe do executivo e sus comparsas. No último mês de julho, um grupo de 54 defensores, procuradores e promotores enviou uma representação ao procurador-Geral da República, Augusto Aras, acusando o presidente Jair Bolsonaro de ter cometido o crime de racismo. Durante encontro com apoiadores no "cercadinho", Bolsonaro comparou o cabelo black power de um rapaz a um "criatório de baratas”. “Como é que está a criação de barata aí? Olha o criador de barata aqui", disse, aos risos. Na sequência, Bolsonaro completou: "você não pode tomar ivermectina, vai matar todos os seus piolhos", citando o medicamento vermífugo que costuma defender para o tratamento da Covid-19.

- Morte de mais de 600 mil pessoas pela Covid-19

O inaceitável número de mais de 600 mil mortes por Covid-19, não é uma simples fatalidade. É resultado de um projeto pensado e executado por um governo que, sem compromisso com seu povo, colocou interesses políticos e econômicos à frente do direito à vida. O país chora as mortes porque Jair Bolsonaro escolheu assim. Em São Paulo, os dados do Mapa da Desigualdade mostram que, entre a população negra, 47,6% das mortes ocorreram por causa da Covid-19; já entre a população branca foram 28,1%. A aferição mostra que negros morreram mais de Covid-19 mesmo nos bairros mais ricos da capital paulista.

- Fome no Brasil do povo Negro

Em 2020, primeiro ano de crise sanitária mundial, 19 milhões de brasileiros passaram fome e mais da metade dos domicílios no país enfrentou algum grau de insegurança alimentar, de acordo com o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional). Nas entrevistas realizadas em 128 municípios das grandes regiões do Brasil, distribuídas nos 26 estados e no Distrito Federal, a pesquisa confirma que a fome no país tem um rosto: de mulher, tem a cor da pele preta ou parda e baixo nível de escolaridade. Existe fome em 11,1% dos domicílios chefiados por mulheres, e outros 15,9% enfrentam insegurança alimentar moderada. Quando a pessoa de referência é um homem, os números são menores: a fome atinge 7,7% dos domicílios e outros 7,7% estão na situação de insegurança alimentar moderada. Pela cor da pele, verificou-se que pessoas pretas ou pardas enfrentam insegurança alimentar grave em 10,7% dos domicílios.

- Titulação de territórios quilombolas 

No triste Brasil atual, o governo do presidente da República eleito em 2018 segue nos ataques, simbolizada pelo discurso de meados de 2017, quando o então pré-candidato à presidência, após visitar um quilombo, no interior de São Paulo, disse em um evento do Clube Hebraica do Rio de Janeiro que “o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriadores servem mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gasto com eles”, (pessoas pretas teriam a mesma categoria de medida de peso que animais como bois ou cavalos, o que desumaniza essa população). Já como presidente eleito, em março de 2020, Bolsonaro afirmou que seu governo não demarcaria nenhuma terra quilombola, apesar de ser um direito garantido pela Constituição Federal de 1988, que completou 33 anos no dia 5 de outubro deste ano. O chefe do executivo cumpriu o “prometido”.

 

Em resumo: vamos as ruas gritar #ForaBolsonaroRacista! As manifestações têm a função de dialogar com o povo sobre a crise enfrentada no país e mostrar que ela é consequência direta da conduta de Bolsonaro e seu desrespeito à democracia e direitos do povo negro!