Escrito por: Manoel Ramires

Custo de vida dos brasileiros subiu 2,44% em 2017

Para Dieese, realidade é diferente dos números do governo Temer.

Marcelo Camargo/Agência Brasil
Henrique Meirelles é ministro da Fazenda

O governo federal e o mercado comemoram constantemente a queda da inflação como se ela justificasse o fim da crise econômica. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), o ano de 2017 contabilizou inflação de 2,94%, o menor índice desde 1998. A queda dos preços na alimentação, impulsionada pela alta produção de grãos em 2017, acabou camuflando a alta do gás, da gasolina e de impostos sentida pela população. Para o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), dos 10 grupos que compõem o Índice do Custo de Vida (ICV), cinco tiveram variações superiores à inflação. Destaque para altas em saúde, habitação e transporte.

Para o DIEESE, o custo de vida dos brasileiros aumentou em 2,44%. Os vilões desse crescimento são: Despesas Diversas (7,78%), Educação e Leitura (7,16%), Saúde (6,02%), Habitação (5,76%) e Transporte (3,36%). Na educação, por exemplo, enquanto o presidente Temer aprovava a Proposta de Emenda Constitucional que congela por 20 anos os gastos públicos, o brasileiro era obrigado a gastar mais com “taxas acumuladas: 8,47% para os cursos formais; 7,04% para os livros; 2,66% para os cursos diversos; e 2,44% para os artigos de papelaria. No subgrupo leitura (3,08%), os jornais apresentaram alta de 2,88% e as revistas de 2,76%”.

A saúde também pesou no bolso dos brasileiros. Segundo o levantamento, “no subgrupo assistência médica, a variação acumulada foi de 6,55%: para os seguros e convênios médicos, a alta foi de 7,72%; para os exames laboratoriais 2,94%; para as internações hospitalares 2,88%; e para as consultas médicas 1,84%. A elevação média para o subgrupo medicamentos e produtos farmacêuticos foi de 3,74%: os medicamentos tiveram aumento de 3,93%”.

Em 2017, muitos governantes também reajustaram impostos e alíquotas que vão impactar no bolso dos contribuintes neste ano. É o caso de Curitiba, em que o prefeito Rafael Greca (PMN) elevou o Imposto Sobre Serviços (ISS) para 4% e acabou com isenções para hospitais.

Já no setor de habitação, o DIEESE contabiliza desde a alta de impostos como o IPTU até o item que mais pesou na casa da população: as sucessivas altas do gás de cozinha. A alta de 5,76% do setor registrou aumento de 4,28% para aluguel, impostos e condomínios e de 30,08% para o botijão.

Inflação baixa, custo elevado

Para a entidade, muitos comemoram a inflação abaixo da meta. No entanto, a percepção do consumidor não é de que os preços estejam abaixando. Isso porque um índice é uma grande média composta por 594 itens.

Sendo assim, apesar da inflação média baixa e dentro da meta, o poder de compra das famílias paulistanas diminuiu em 2017. “O decréscimo da renda média do trabalhador, segundo os dados de todas as pesquisas, e principalmente os aumentos dos bens essenciais – como os serviços públicos, remédios e combustíveis -, foram responsáveis pela redução”, esclarece o departamento.