Escrito por: Tarcísio Aquino/CUT-CE

Dia Internacional da Mulher: Confetam vai às ruas contra o feminicídio e o fim da aposentadoria

Em Fortaleza, protesto foi liderado pela secretária da Mulher Trabalhadora da entidade, Ozaneide de Paulo, dirigente da CUT/CE, e contou com a participação de servidoras de diversos municípios.

TARCÍSIO AQUINO/CUT-CE
Servidoras municipais de Caucaia, Aquiraz e Barreira também participaram do ato na Capital

O ato unificado “Pela vida das mulheres! Somos todas Marielle, Stefhanie, Ingrid e Dandara” reuniu cerca de quatro mil mulheres, na tarde desta sexta-feira, 8 de março, no centro de Fortaleza. Elas marcaram posição contrária ao crescimento do número de feminicídios no Ceará e repudiaram diversas propostas do governo de Jair Bolsonaro (PSL), dentre elas, a reforma da Previdência (PEC nº 6/2019).

A proposta de Bolsonaro prevê mudanças estruturais na Previdência Social, que colocam em risco a aposentadoria de boa parte da população, que irá morrer trabalhando e dificilmente conseguirá ter acesso a uma aposentadoria digna e a uma vida de qualidade, caso seja aprovada pelo Congresso Nacional, explica a secretária de Relações de Trabalho da Central Única dos Trabalhadores, Graça Costa, representante do Ramo dos Municipais na direção nacional da CUT. “O nosso recado é muito sincero e direto. Nós da CUT estamos empenhadas, permanentemente, para derrotar esse governo autoritário, machista. Nós queremos dizer que essa reforma é a destruição dos nossos direitos que conquistamos com muita luta. Não vamos deixar, vamos resistir!”.

Além de dirigentes nacionais e da CUT Ceará, a manifestação reuniu vários partidos políticos de esquerda, centrais sindicais, quilombolas, indígenas, estudantes, servidoras públicas municipais de diversas cidades cearenses e os movimentos sociais que compõem a Frente Brasil Popular (FBP-CE). Segundo a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-CE e da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal (Confetam/CUT), Ozaneide de Paulo, mais de 60 entidades participaram da marcha que saiu da Praça Murilo Borges, em frente ao prédio da Justiça Federal, no Centro de Fortaleza, e terminou na Praça da Gentilândia, no Benfica, onde foi realizado ato cultural. “O ato de 8 de março foi histórico. Foi construído por muitas mãos, por mulheres de diversos movimentos. Mais de quatro mil companheiras se juntaram a nós para dizer não à violência contra a mulher e repudiar a proposta de reforma da Previdência que atinge, principalmente, as mulheres”, disse a secretária ao comemorar a grande adesão a marcha.

Feminicídio

Nas ruas do Centro, do Benfica ou em frente ao prédio do INSS, na Rua Pedro Pereira, as manifestantes também enfatizavam em suas palavras de ordem a luta permanente em defesa de políticas públicas de enfrentamento à violência contra a mulher. Segundo levantamento publicado nesta sexta-feira (8) pelo portal G1, o Ceará registra o segundo lugar nas estatísticas de mulheres assassinadas em 2018, com 447 homicídios contra elas, sendo 26 considerados feminicídios. De acordo com a secretária-geral da CUT Ceará, Carmem Santiago, vice-presidente da Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipl do Estado (Fetamce), “esses números só reafirmam que o patriarcado e o controle da vida e dos corpos das mulheres precisam ser combatidos diariamente”.

THAINÁDUETE/CUT-CEThainá Duete/CUT-CE

8M no interior e no Brasil

As servidoras públicas municipais do Ceará também participaram de atos em cidades de todas as regiões do estado, entre elas Crato e Itapipoca. Em Maracanaú, a atividade contou com as presenças das presidentas da Confetam/CUT, Vilani Oliveira, e do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Município (Suprema), Joana Ferreira. 

"Resistiremos! Lutaremos até que sejamos totalmente livres! Mulheres de Maracanaú, vamos nos unir", conclamou a presidenta Vilani Oliveira. Ela e a presidenta do Suprema, acompanhadas de diversas lideranças feministas do município, participaram de uma Tribuna Livre na Praça da Estação para denunciar a violência, a opressão contra as mulheres, o feminicídio, o machismo, o racismo, a Reforma da Previdência, a prisão injusta do ex-presidente Lula e a impunidade dos assassinos da vereadora Marielle Franco.

As mulheres do Ramo dos Municipais também participaram de atividades em diversas cidades dos estados de São Paulo, Sergipe, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Paraná, entre outros. 

Ato nacional contra a reforma da Previdência

Após a aprovação da reforma trabalhista e da lei da terceirização, durante o governo do golpista Michel Temer (MDB), as mulheres passaram a viver uma realidade de mais desemprego e informalidade que poderá ser agravada com a reforma proposta por Bolsonaro, ressaltou o presidente da CUT Ceará, Wil Pereira. De acordo com o dirigente, no dia 22 de março será realizado mais um ato nacional contra os retrocessos e o fim da aposentadoria. “Precisamos alertar sobre os perigos dessa proposta para os trabalhadores, sobretudo para as trabalhadoras que terão que trabalhar mais para poder se aposentar. Vamos ocupar as ruas até eles entenderem o nosso sonoro não a esta reforma”.

Edição Déborah Lima