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Governo sofre derrota na batalha para aprovar reformas

O governo viu ontem duas reformas sofrerem reveses: a da Previdência passou por nova alteração após pressão de policiais e a trabalhista teve um pedido de urgência rejeitado no Plenário na Câmara

Publicado: 19 Abril, 2017 - 08h29

Escrito por: Wagner Mendes/O Povo

Agência Brasil
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Nesta terça-feira (18), policiais ocuparam o Congresso contra reforma da Previdência

Sob pressão da Lava Jato, que investiga oito de seus ministros, e precisando mostrar resultados à frente do governo, o presidente Michel Temer (PMDB) está numa batalha para aprovar as reformas previdenciária e trabalhista. A sessão de ontem na Câmara, porém, mostrou que ele terá muitas dificuldades.

Depois de vários recuos na redação do texto original da reforma da Previdência, que ontem passou por nova mudança, foi a vez de a reforma trabalhista sofrer um revés, numa derrota para o governo do peemedebista. A Câmara rejeitou o requerimento que pedia urgência na tramitação da proposta.

Polêmicas, as duas pautas enfrentam forte resistência no Congresso. O clima instável em Brasília reflete o difícil diálogo entre Executivo e Legislativo num momento em que categorias se mobilizam para contra as reformas.

O relatório da reforma previdenciária, por exemplo, já deveria ter sido apresentado pelo deputado Arthur Maia (PPS-BA) na Comissão Especial, mas teve que ser adiado para hoje para que fossem feitas alterações na redação final. Ontem, Maia recuou e desistiu da idade mínima de 60 anos após protestos de policiais militares, civis e rodoviários, que chegaram a quebrar vidraças e ocupar as dependências do Congresso.

Em café da manhã com Temer, uma proposta inicial foi apresentada aos parlamentares, que, no entanto, não pareceram convencidos a mudar o seu voto. Gorete Pereira (PR-CE) afirma que houve “avanços importantes”, principalmente em relação à idade de aposentadoria para mulheres, mas ainda “não dá para passar dessa forma”.

“O que foi apresentado até agora não é suficiente para apoio e aprovação. Se a votação fosse hoje, eu não votaria”, disse a deputada cearense, que faz parte da base do governo.

Há forte pressão do Planalto, dos ministros e dos partidos aliados ao presidente para que os deputados aprovem os textos, mas os parlamentares já se preocupam com os efeitos eleitorais das medidas.

Ao O POVO, o deputado Pepe Vargas (PT-RS) afirmou que o que foi apresentado até ontem não apresenta grandes alterações no texto original enviado pelo governo.

“Eles vão tentar vender a ideia de que suavizou o texto principal para não dar tempo de as pessoas assimilarem o que foi colocado. O fato é que continua sendo uma proposta (Previdência) muito ruim”, afirmou.

A expectativa é que o relatório final deverá ser apresentado na comissão hoje, por volta das 9 horas. Há possibilidade, também, de pedido de vistas coletivo, o que pode atrasar a tramitação da matéria na Casa.

 

Oposição barra tentativa de acelerar reforma trabalhista

 

Em uma derrota importante para o governo Michel Temer, o plenário da Câmara dos Deputados rejeitou ontem requerimento que pedia regime de urgência para apreciação do projeto da reforma trabalhista. A manobra daria celeridade à tramitação da proposta, mas não alcançou o número necessário para ser aprovada.

O placar preocupou o governo, que vê o apoio ao projeto como termômetro para a aprovação da reforma da Previdência.

Foram 230 votos a favor, 163 contrários e uma abstenção. Eram necessários 257 votos para que o requerimento fosse aprovado. Se passasse, a medida daria brecha para que a base aliada articulasse a votação do projeto diretamente no plenário, sem passar pela comissão.

Mesmo com a derrota, os governistas avisaram que vão apresentar novo requerimento para acelerar a tramitação do projeto. A oposição alega que, pelo regimento interno, o plenário não pode apreciar a mesma proposição rejeitada anteriormente. Com a rejeição, o calendário de votação da matéria - previsto para a próxima semana - fica comprometido.

A derrota do governo foi comemorada pela oposição, que se articulou e aproveitou que menos de 400 deputados estavam presentes na sessão.