Escrito por: Luba Melo* e Junéia Batista**

Mulheres sindicalistas rechaçam violência contra deputada Natália Bonavides

Entidades reforçam apoio à parlamentar petista agredida por Ratinho

SINDSEP/SP
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O apresentador Carlos Roberto Massa, o Ratinho, sugeriu a eliminação da deputada federal Natália Bonavides (PT-RN), 33, durante seu programa de rádio ao vivo, “Turma do Ratinho”, na última quarta-feira (15). 

A sequência de ataques misóginos, machistas e criminosos contra a parlamentar veio logo após noticiar o projeto de autoria da petista que busca tornar as uniões civis mais igualitárias, com a substituição da expressão “marido e mulher” nas celebrações. 

O PL apresentado recentemente na Câmara dos Deputados propõe a alteração em artigo do Código Civil. Se aprovado, quem estiver conduzindo a celebração ao invés de utilizar a frase “vos declaro marido e mulher”, diria: "De acordo com a vontade que acabam de declarar, eu, em nome da lei, declaro firmado o casamento".

Em sua justificativa, Bonavides reforça que o Código Civil de 2002 reproduz em seu texto a declaração solene para realização de casamentos de acordo com termos previstos no Código Civil de 1916, que despreza a pluralidade de configurações de casais e famílias dos tempos atuais.

Embora a frase não seja obrigatória ao final da cerimônia, quando utilizada nas celebrações de uniões civis é motivo de constrangimento para muitos casais LGBTQIA+. Natália acrescenta, em entrevistas que tem concedido, que alguns cartórios usam a lei como desculpa para oprimir esses casais.

Em discordância ao projeto, Ratinho iniciou, durante seu programa de quarta (15), uma sequência de ataques violentos contra a deputada. "Natália, você não tem o que fazer?", questionou. "Vai lavar roupa, costurar a ‘carça’ do seu marido, a cueca dele", sugeriu. "Isso é uma imbecilidade, querer mudar esse tipo de coisa", salientou, apoiado por outros apresentadores com quem divide a bancada, incluindo uma mulher.

Reprodução da postagem da parlamentar em seu perfil no Twitter

Em seguida, ao ser informado que a parlamentar defende os termos "filiação 1" e "filiação 2" nas certidões de nascimento das crianças, Ratinho incitou a violência: "Tinha que eliminar esses loucos. Não dá para pegar uma metralhadora?"

O apresentador, que será processado pela deputada, fez ainda comentários machistas contra a aparência de Natália, que teve uma imagem divulgada em monitor do estúdio onde o programa era transmitido. "Feia do capeta", disse.

Essa violência de gênero na política vem aflorando desde que Dilma foi eleita presidente, mas de 2016 para cá tem se acirrado, e muito. Não há outro caminho senão todas nos levantarmos denunciando cada ato de violência de gênero, seja na política ou em qualquer outro espaço. Como disse a companheira Natália, “incitar homicídio é crime” e o apresentador se utilizou de uma concessão pública para cometer crime, portanto deve responder judicialmente e ser punido.

Enquanto essa violência de gênero for uma realidade entre nós, como enfrentamos diariamente nos espaços de poder, nos levantaremos para denunciar. Como dirigentes da Internacional dos Serviços Públicos (ISP), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Federação dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal de São Paulo (Fetam/SP), Sindicatos dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep) e Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal (Confetam/CUT), nós dizemos Não à violência de gênero na sociedade! 

Todo apoio e solidariedade à deputada federal potiguar Natália Bonavides. Não vão nos calar, seguiremos juntas em marcha até que nenhuma de nós seja mais vítima da violência e do atraso que significa o machismo para toda a sociedade.

* Luba Melo, dirigente da Internacional de Serviços Públicos (ISP) e secretária de Atenção a Mulher Trabalhadora do Sindsep-SP

** Junéia Batistasecretária nacional da Mulher Trabalhadora da CUT e secretária de Mulheres da FETAM-SP