Escrito por: Confetam/CUT

No Dia da Consciência Negra, Confetam/CUT propõe boicote à rede de hipermercados Carrefour

Entidade convoca federações e sindicatos a mobilizarem atos nas unidades do hipermercado nos municípios em protesto contra o espancamento e morte do cliente negro Beto Freitas

Reprodução/Redes sociais
Aos 40 anos, Beto foi morto por dois homens brancos na véspera do Dia 20 de Novembro

A Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal (Confetam/CUT) convoca as federações filiadas, os sindicatos da categoria e os trabalhadores da base a mobilizarem em suas cidades um movimento nacional de boicote à rede Carrefour. O boicote é um protesto dos servidores públicos municipais brasileiros contra a morte de João Alberto Silveira Freitas, cliente negro espancado por um segurança e um PM numa unidade do hipermercado em Porto Alegre. Os dois agressores são homens brancos. 

A morte de Beto, como era conhecido o cidadão de 40 anos, ocorreu na última quinta-feira (19), véspera do Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro. “Convocamos pretos e brancos, mas essencialmente os negros e negras, a boicotarem o Carrefour em todos os estados”, reagiu com indignação a presidenta da entidade, Vilani Oliveira.

A Confetam/CUT também está convocando as entidades do Ramo dos Servidores Municipais CUTistas a realizaram atos na porta dos hipermercados da rede Carrefour. “Propomos atos não só hoje, Dia da Consciência Negra, mas todo dia 20, em frente ao Carrefour de cada município, para divulgar o boicote e debater com a população mecanismos de enfrentamento ao racismo estrutural que mata e banaliza a violência contra a população preta do país”, explica a presidenta da Confetam/CUT.

Dois casos em três meses

A dirigente lembra que essa não é a primeira vez que a rede de hipermercados se envolve em episódios de banalização da morte e desrespeito à dignidade humana. No dia 14 de agosto, o corpo de Moisés Santos, funcionário de uma unidade do Carrefour em Recife, morto vítima de um mal súbito durante o expediente, foi escondido dos clientes por guarda-sóis, enquanto o funcionamento da loja correu normalmente. 

“Em pouco mais de três meses, essa é a segunda vez que o Carrefour protagoniza cenas de barbárie. Já passa da hora de o movimento sindical e a sociedade brasileira darem uma resposta à altura das violações dos direitos humanos ocorridas nas lojas da rede”, enfatiza Vilani Oliveira.

Levante contra o racismo

Neste 20 de novembro, mais uma vez, negros e negras se levantam contra a violência, o racismo, o fascismo e a desigualdade. Nesta data histórica de resistência e luta, a Secretaria de Igualdade Racial da Confetam/CUT denuncia a necropolítica do desgoverno do presidente fascista Jair Bolsonaro. 

Mais do que nunca, é preciso derrubar essa estrutura patriarcal e racista, que massacra a população negra e quer destruir as políticas afirmativas e os direitos sociais. Nem cárcere, nem tiro, nem Covid. Corpos negros vivos! O povo preto livre vai derrotar o fascismo! Por nós, por todos e todas nós, e pelo bem viver! Corpos negros resistem!