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Nota de repúdio: injúria racial na Câmara Municipal de SBC/SP

A Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal (Confetam/CUT) repudia o ato de racismo ocorrido na Câmara Municipal de São Bernardo do Campo (SP).

Publicado: 04 Maio, 2023 - 14h21

Escrito por: Thiago Marinho

Divulgação
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A agente da GCM (Guarda Civil Municipal) de São Bernardo do Campo, em São Paulo, Evelin Dias, registrou boletim de ocorrência no último dia 26 por conta de injúria racial sofrida durante a sessão da Câmara Municipal em 19 de abril. As falas racistas foram proferidas por Christinilton de Menezes Gally, assessor especial do presidente do Legislativo, Danilo Lima (PSDB), e por Donizeti de Souza, apresentador do podcast Kurtas e Pikantes, durante uma conversa em frente a uma câmera que gravava a sessão. 

O vídeo mostra os autores conversando sobre várias mulheres do efetivo da GCM presente na Câmara, até que chega o momento em que eles descrevem Evelin. 

"Tem uma morena também, qual é o nome dela", pergunta Donizeti, que depois ressalta que Evelin é uma pessoa preta. "Não é morena, é negra. Preta, aliás, não é mais negra também". Em seguida, Christinilton cita uma sessão de fotos feita pelos novos agentes da guarda municipal e fala sobre o cabelo de Evelin. 

"Ela fez uma foto esses dias, desmontou o cabelo, ela tem aqueles tererê, né? Meu, o bagulho vai até o chão. E para cuidar dessa mer**?", diz o assessor do gabinete da presidência da Casa. 

Evelin estava presente na Câmara naquele dia, mas informou a imprensa que recebeu o vídeo de colegas de trabalho apenas horas depois, quando já estava em casa. Ela não compartilhou o vídeo com ninguém até fazer o boletim de ocorrência no dia 26. 

"Quando vi o vídeo, fiquei muito chateada. Não quis fazer nada por impulso, por isso fiquei pensando muito tempo sobre isso. Aos poucos pensei que isso poderia ter sido evitado, não tinha necessidade de falar aquilo e fiz o B.O", declarou. 

"Eu me senti suja e insegura, embora ninguém da GCM nunca tenha falado nada sobre o meu cabelo. Sempre fui muito respeitada pela corporação, a única coisa que eles pedem é o coque, mas isso é padrão para todas as mulheres. Mas as falas do vídeo me deixaram muito mal. Eu sou mãe e também trabalho como trancista. Nunca havia feito trança em mim mesma, sempre que eu fazia era com outra trancista. Eu estava usando as tranças para recuperar minha autoestima, mas achei melhor tirar", declarou. 

A Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal (Confetam/CUT) repudia o ato de racismo ocorrido na Câmara. É inconcebível que nos dias de hoje mulheres pretas tenham que passar por essas situações. Racistas nunca passarão!