MENU

Participação e transformação

Março mês das mulheres, fundamental para refletirmos sobre as desigualdades de gênero.

Publicado: 11 Março, 2014 - 00h00

Apesar dos avanços a equidade de gênero é um desafio a ser alcançado por mulheres de todo mundo.
No Brasil as mulheres representam metade da população e também cerca de 50% da população economicamente ativa - PEA
Segundo dados do IBGE (2013) 38% dos lares brasileiros são chefiados por mulheres. Além de trabalhar fora e serem as principais responsáveis pelas tarefas domésticas, a maioria dos trabalhos voluntários são praticados por mulheres. Também são as principais responsáveis pelo cuidado da saúde da família. Mulheres exercitam mais a solidariedade, a partilha, o cuidado com a natureza e o cuidado com os mais fracos.
Apesar de todo o capital econômico, cultural e social praticado pelas mulheres, elas ainda são oprimidas, discriminadas e assassinadas.
A luta das mulheres é histórica e permanente. A ocupação dos espaços públicos pelas mulheres é muito recente. Muitas figuras femininas e feministas fizeram parte desta luta. Nísia Floresta (1810 – 1885) foi uma das que lutaram pelo direito a educação às mulheres, é considerada a primeira feminista do Brasil. Foi educadora, escritora e poetisa, rompeu com os limites entre os espaços públicos e privados publicando textos em jornais, dirigiu um colégio para moças no Rio de Janeiro e escreveu livros em defesa dos direitos das mulheres, dos índios e dos escravos. Destacam-se: “Direito das mulheres e injustiça dos homens” (1832), “Conselhos a minha filha” (1842), “Opúsculo humanitário” (1853) e “A Mulher” (1859).
O direito à educação, ao trabalho remunerado, proteção ao trabalho, direito ao trabalho noturno são conquistas recentes em nosso país. O direito ao voto feminino foi obtido há 82 anos, por meio do Código Eleitoral Provisório, em 24 de fevereiro de 1932. Porém o Código permitia apenas que mulheres casadas (com autorização do marido), viúvas e solteiras com renda própria pudessem votar. O voto feminino sem restrições passou a ser obrigatório em 1946. Num país que conviveu com duas ditaduras, somando 4 décadas, o exercício da democracia e cidadania são novidades. Outra questão importante é o corte de classe, a elite sempre dominou os espaços de poder e decisão de nosso país.
Estamos num ano bastante emblemático por um lado dois projetos estão em dsputa, um ligado as classes populares, com defesa inclusive de uma ampla reforma política e outro representando a oligarquia e a elite. Outra questão importante é a avaliação da presidenta Dilma, a primeira gestão de uma mulher. Os avanços são indiscutíveis, a esperança de ocupação dos espaços de decisão trouxe como efeito o aumento do número de filiações de mulheres nos partidos políticos. De outubro de 2012 até outubro de 2013 aumentou 64% as filiações de mulheres eleitoras a partidos políticos.
Apesar do numero significativo de filiações, do total de 15,1 milhões de pessoas vinculados a alguma legenda, 8,4 milhões são homens e 6,7 milhões são mulheres. Para Câmara dos Deputados em 2010 foram eleitas apenas 45 mulheres para as 513 cadeiras disputadas - ou seja, 8,7% do total. Apenas 8,9% das vagas da Câmara e 13% das cadeiras do Senado são preenchidas por mulheres. Abaixo da média internacional levantada pela ONU Mulheres em parceria com a União Interparlamentar, de 23% de participação feminina nos Legislativos.
Só a reforma política seria capaz de resolver o problema. Entre outros desafios é preciso trabalhar eleição de candidatas que tenham conhecimento político e comprometimento com as questões de gênero. Precisamos da participação intensa das mulheres junto aos partidos. É preciso investir em formação e capacitação de mulheres, além de investimento de estrutura financeira e humana para candidaturas femininas.
Em 2014 precisamos priorizar a ocupação dos espaços de poder e decisão, nos sindicatos e nos partidos. Por equidade de gênero, sua participação é fundamental!