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Professores da rede municipal de São Paulo entram em greve nesta quarta

Presidente do Sindsep, Sergio Antiqueira considera irresponsável a decisão de retorno das aulas no município diante das elevadas taxas de contaminação e de óbitos por Covid-19

Publicado: 09 Fevereiro, 2021 - 17h57

Escrito por: Rodrigo Gomes, da RBA

ELINEUDO MEIRA/@FOTOGRAFIA.75/FOTOS PÚBLICAS
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Os professores da rede municipal de educação da cidade de São Paulo entram em greve a partir de amanhã (10), reivindicando condições seguras para a volta às aulas presenciais e a manutenção do ensino remoto enquanto não houver efetivo controle da pandemia de covid-19. A decisão foi unânime, nas assembleias dos sindicatos de professores e de outros trabalhadores da educação na capital paulista. A retomada das aulas presenciais na cidade está marcada para dia 15. Na rede estadual, os professores iniciaram greve com o mesmo objetivo na última segunda-feira (8), com o Sindicato dos Professores no Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) à frente.

Os trabalhadores vão sair em carreata amanhã (10), às 11h, a partir da sede da Secretaria Municipal da Educação, na região central da cidade.

Entre as reivindicações do movimento está a manutenção do ensino remoto enquanto não houver um efetivo controle da pandemia de covid-19. A categoria também quer mais empenho dos governos para ampliação da produção e aplicação das vacinas contra o novo coronavírus. Além disso, adequação do calendário de volta às aulas presenciais ao avanço da vacinação da população e reestruturação das escolas para as necessidades de segurança sanitária em meio à pandemia.

Insegurança

A Grande São Paulo tem média de 3.500 novos casos de covid-19 por dia e 90 mortes diárias. A taxa de ocupação de UTI é de 65,6%, com média de 695 novas internações por dia.

A proposta do governo de Bruno Covas (PSDB) é que as salas recebam até 35% dos estudantes nas primeiras semanas. Nos ensinos fundamental e médio, haverá rodízio de estudantes. Nas creches e pré-escolas, um grupo fixo vai frequentar as escolas todos os dias e será definido por critérios de vulnerabilidade social.

O presidente do Sindicato dos Profissionais de Educação no Ensino Municipal (Sinpeem), Claudio Fonseca, destacou que muitas escolas ainda não tiveram as reformas concluídas e o número de profissionais de apoio é insuficiente para realizar o trabalho em meio à pandemia. Além disso, apesar de anunciada pelo governo do prefeito Bruno Covas (PSDB), a estrutura de apoio ao ensino também não foi concluída.

“A secretaria assegurou que entregaria tablets para todos os estudantes e professores. Não entregou. Também disse que os equipamentos das chamadas salas digitais estariam todos instalados. Não estão. Isso impede a realização do trabalho híbrido (ensino presencial em alguns dias e remoto, nos outros). Houve redução dos profissionais de limpeza, num momento em que precisamos justamente garantir a ampliação e um contínuo processo de higienização nas escolas. Faltam também profissionais técnicos de educação, que o governo se comprometeu a contratar, mas ainda não concluiu o processo”, explicou Fonseca.

O presidente do Sinpeem também ressaltou que os trabalhadores da educação não são contra a volta às aulas presenciais em si, mas que, neste momento, não há segurança para garantir a saúde de estudantes, familiares e professores, por isso a greve é necessária.

Irresponsável

“Estamos vivendo um momento de alta contaminação. Temos vacinas, mas ainda é preciso ampliar a imunização da sociedade. Por isso defendemos atrelar o calendário escolar ao desenvolvimento do calendário de vacinação. Para proteger a saúde e a vida de professores, estudantes, demais trabalhadores e familiares”, afirmou Fonseca.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo (Sindsep), Sergio Antiqueira, que também aderiram à greve dos professores, considera irresponsável a decisão de retorno as aulas diante das taxas de contaminação e óbitos de doentes e acusou o governo Covas de iniciar a volta às aulas sem um parecer da Coordenadoria de Vigilância Sanitária (Covisa).

“Na cidade de São Paulo não tem parecer da Covisa. A decisão não é científica e sim política, de voltar as aulas e deixar contaminar. ‘Já que tudo está aberto, porque não abrir a educação?’. Nós vamos ter que pensar como a gente faz essa discussão entre nós e com os trabalhadores. Nós estamos tentando vencer o obscurantismo”, afirmou.