Proposta de Bolsonaro levará à demissão em massa de professores
Candidato defende a educação à distância no Ensino Fundamental, Médio e universitário.
Publicado: 15 Outubro, 2018 - 14h11
Escrito por: Fetamce

Neste Dia dos Professores, celebrado em 15 de outubro, discutiremos os projetos na área da educação e para os educadores apresentados pelos candidatos a Presidente da República no segundo turno.
O primeiro a ser analisado é o deputado e candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL). Como proposta mais polêmica, ele defende o uso da educação à distância no Ensino Fundamental, Médio e universitário.
O presidenciável de ultradireita argumentou que o aluno poderia ir às escolas apenas para fazer provas e aulas práticas, a depender da disciplina. O candidato disse ainda que esse regime ajuda a “baratear” o ensino. Segundo Bolsonaro seria para combater o “marxismo” nas escolas. O filósofo e seus escritos nem sequer aparecem no currículo escolar do ensino fundamental.
Entidades representativas dos educadores brasileiros avaliam que a proposta levará à demissão em massa de professores na rede privada, assim como a finalização de contratos de servidores não estatutários na educação pública e o fim de concursos para a área, já que a exigência de profissionais, com a aplicação da medida, seria mínima.
Enedina Soares, professora das redes municipais de Caucaia e Fortaleza, também presidente da Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal do Estado do Ceará (Fetamce), diz que a eleição de Bolsonaro iria atingir de morte a classe: “Não podemos admitir a eleição de quem vai governar contra a gente. Os professores são o coração do Brasil e com esse modelo de educação, teremos a eliminação paulatina da nossa profissão e a perda de qualidade do ensino público”, fala a dirigente.
Outras propostas:
AUTORITARISMO NAS ESCOLAS – Bolsonaro propõe o retorno do modelo autoritário de ensino que vigorou na Ditadura Militar, incluindo no currículo escolar as disciplinas repressivas como educação moral e cívica (EMC) e organização social e política brasileira (OSPB), que na prática eram processos educacionais legitimadores do governo totalitário, eliminado a formação crítica. Ele promete ainda ampliar o número de escolas militares. Em dois anos, ter um colégio militar em cada capital. Escola que custa mais caro e não apresenta os mesmos resultados das instituições de ensino médio federal.
ELIMINAR NÚMERO DE COTAS RACIAIS – Já as políticas de igualdade racial que ampliaram a chegada da população negra ao ensino superior também serão atingidas. O candidato vai propor a diminuição do percentual de vagas para cotas raciais.
PRIVATIZAÇÃO DO ENSINO PÚBLICO – Bolsonaro, que é dos candidatos mais fieis a Michel Temer no Congresso, foi favorável à Reforma do Ensino Médio que traz, entre outras coisas, a adoção do domínio do setor privado no Ensino Médio público, alinhado com a Emenda Constitucional nº 95, que congela por 20 anos os investimentos públicos em políticas sociais, entre elas a educação. Emenda, por sinal, também apoiada pelo representante do PSL.
Professores e trabalhadores estão preocupados com resultado da eleição
Liderando as pesquisas diante de uma onda conservadora que atingiu o país, Bolsonaro esconde uma série de proposições anti-trabalhadores. No caso dos professores, que são mais de R$ 2,2 milhões na educação básica brasileira, as ameaças são gigantescas. A classe tem se manifestado publicamente e corre contra o tempo para esclarecer a todos os membros da categoria sobre a necessidade de derrotar o candidato de ultradireita.