Escrito por: Thiago Marinho

Servidores de Beberibe (CE) são vítimas de práticas antissindicais

Os servidores municipais decidiram pela greve na última sexta-feira (11). Até o momento estão parados 350 servidores, sendo que 300 são professores.

Divulgação
Prefeitura de Beberibe (CE) quer cortar ponto e abrir processo administrativo contra servidores.

Nos últimos tempos, as entidades sindicais tiveram que lidar com multas que vão de R$ 5 mil a R$ 1 milhão por dia, muito além da capacidade financeira dos sindicatos, proibições de greves antes mesmo de serem deflagradas pelos trabalhadores, e também de manifestações públicas. Essas são algumas das ações que cerceiam a liberdade sindical, prevista na Constituição brasileira, mas que, na prática, não vem sendo cumprida, nem pela Justiça, nem por autoridades públicas.

Podemos citar a prisão de dirigentes do sindicato dos motoristas de ônibus no Maranhão por causa da paralisação da categoria e dos policiais civis de Pernambuco; as proibições de greve dos petroleiros, antes mesmo de se iniciar e a dos professores de Quixadá (CE) de fazerem manifestações, entre outras práticas antissindicais com o apoio da Justiça.

Na cidade de Beberibe (CE), os servidores municipais foram surpreendidos pela prefeita Michele Cariello de Sá Queiroz Rocha (PL), que enviou à Câmara Municipal um decreto que diminui o valor do Plano de Cargos de Carreira e Remuneração (PLCR) dos professores com mestrado e doutorado, rebaixando seus salários.

Como os professores e as demais categorias que compõem o serviço público local ameaçavam entrar em greve reivindicando reajuste salarial, a prefeita simplesmente enviou outro decreto que corta o ponto e pode abrir processo administrativo contra os servidores, antes mesmo do início da paralisação.

O Decreto seria votado na Câmara Municipal de Beberibe na última quinta-feira (10/03), mas os servidores pressionaram os vereadores, impedindo a sessão. Uma nova votação está marcada para o dia 17 (quinta). Segundo Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Beberibe (Sindserv – Beberibe), a polícia deve ser chamada, mas a categoria diz que manterá a mesma pressão. Diante da intransigência da prefeitura, os servidores municipais decidiram pela greve na última sexta-feira (11). Até o momento estão parados 350 servidores, sendo que 300 são professores. 

“É um verdadeiro absurdo e violação das leis brasileiras ações como essa da Prefeitura de Beberibe no Ceará. Os gestores municipais não podem intervir na atuação sindical e na luta por direitos fundamentais. O que estamos vendo é um verdadeiro desrespeito a liberdade de organização e direito de greve que protege os servidores municipais. A Confetam está acompanhando de perto essas atrocidades”, declarou Jucélia Vargas, presidenta da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal (Confetam/CUT).