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Volta às aulas presenciais este mês coloca professores e alunos em risco

Sindicatos reagiram à decisão dos governadores e prefeitos, pois nem todos estão vacinados

Publicado: 02 Agosto, 2021 - 16h02

Escrito por: Redação CUT

WILSON DIAS/EBC
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Entidades alertam: nem todas as escolas oferecem condições de segurança para o retorno

No dia em que escolas das redes públicas de quase todo o país voltam às aulas presenciais, pesquisa do Instituto Pólis mostra que, este ano, em relação a 2020, só a cidade de São Paulo registrou 297 óbitos em decorrência de complicações causadas pela Covid-19 entre profissionais da educação de 18 a 60 anos. A alta é de 130%.

Apesar desses dados e da disseminação veloz da variante Delta, que é muito mais contagiosa e letal do que outras cepas do novo coronavírus, no Brasil apenas 3 estados brasileiros não terão aulas presenciais nas redes de ensino estaduais em agosto.

Os governos do Acre e da Paraíba planejam a retomada presencial das atividades escolares só em setembro, quando os professores já deverão ter recebido a segunda dose da vacina. E o governo de Roraima ainda não divulgou previsão de retorno das aulas presenciais.

Nos demais estados, os governadores sustentam que a volta das aulas presenciais é segura porque a vacinação dos profissionais de educação avançou e que os casos de Covid-19 estão em queda no país. Eles ignoram a variante Delta, que já matou mais de 250 pessoas no país e vem provocando preocupação em países domo Israel, Estanos Unidos e França, e também o fato de que muitos professores não estão completamente imunizados. Em São Paulo, por exemplo, vários tomarão a segunda dose apenas em setembro.

Sindicatos de professores do país reagiram duramente a decisão dos governadores e prefeitos de determinar a volta as aulas presenciais mesmo sem que todos estejam vacinados e sem que as escolas ofereçam condições de segurança para esse retorno. 

Em Minas Gerais,  o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) realizou novo Conselho Geral com a categoria nesta quarta-feira (28) e deliberou pela realização de Greve Sanitária por tempo indeterminado a partir do dia 2 de agosto.

A greve é contra a falta de condições de segurança para se prevenir contra o novo coronavírus nas escolas da rede pública do estado.

No Paraná, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato ) os professores e as professoras decidiram suspender a Greve Pela Vida e permanecer em  assembleia permanente. ontinuará se reunindo periodicamente para avaliar a convocação de Assembleia Estadual assim que necessário. A assembleia deliberou também a jornada de lutas do Sindicato para o mês de agosto e setembro, entre elas a realização, no dia 30 de agosto, de um Dia de Luto e Luta em defesa da educação pública do Paraná.

Em São Paulo, o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) pubicou boletim dizendo que volta as aulas em agosto nem pensar. Não antes de todos serem vacinados. Tem professor que só tomará a egunda dose em setembro.

Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), divulgou nota sobre estudo que mostra como o retorno as aulas presenciais pode se transformar em um risco, como o uso inadequado de máscaras, e as condições necessárias nas escolas para proteger professores e alunos, como boa ventilação e infraestrutura das escolas, raramente encontrado nas escolas do país. 

A  Frente Pela Vida preparou um panfleto, a partir do Manifesto Saúde, Educação e Assistência Social,  orientando a população a observar os aspectos mais importantes para o retorno: monitoramento da situação geral e local da pandemia, garantias estruturais e sanitárias e de participação coletiva nas ações.

O material informativo aponta aspectos a serem cobrados às autoridades responsáveis como garantias mínimas para retorno de atividades essenciais: um plano abrangente, pensando nas particularidades dos diferentes segmentos e faixas etárias, ações intersetoriais entre as equipes de educação, saúde e assistência social, aumento dos trabalhadores, gestão democrática e condições de acesso à tecnologia para aulas remotas e modelos híbridos.

Pesquisa do Instituto Pólis

A pesquisa do Instituto Pólis mostra também que das 756 mortes de profissionais de educação na capital paulista registradas desde o início da epidemia, em março do ano passado,  429 mortes (57%)  ocorreram nos primeiros seis meses deste ano.

O total de mortes na faixa dos 18 a 60 anos corresponde a 39% de todas as mortes da categoria, segundo nota da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo. De acordo com a nota, os números foram obtidos pelo Pólis por meio da Lei de Acesso à Informação junto à Secretaria Municipal de Saúde e ao Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe.