1° de maio: dia internacional da classe trabalhadora

No Brasil tivemos grandes momentos de lutas operárias a exemplo das greves ocorridas no final da década 70 que ajudaram a derrotar a ditadura militar no Brasil

Histórico
Karl Marx certa vez escreveu “que o capitalismo se ergueu e se consolidou com sangue, suor e lágrimas”. Ao olharmos os acontecimentos históricos, constatamos que esse grande filósofo alemão estava correto na sua compreensão histórica. Na derrota da comuna de Paris; a vitória do norte industrializado sobre o sul escravocrata e agrário na guerra civil americana; a ascensão da burguesia como classe dirigente na revolução francesa e a exploração do trabalho do operário e camponês no dia a dia são exemplos desses momentos de consolidação do capitalismo. O 1° de maio também faz parte desse processo.

Como em outras partes do mundo, a situação dos trabalhadores nos Estados Unidos no final do século XIX era muito difícil. Sem embargo, emigrantes de diversos países europeus iam para lá em busca de uma melhor situação econômica. Homens, mulheres e crianças trabalhavam 16 e até 18 horas por dias nas indústrias. A jovem classe proletária não tinha direitos mínimos como férias, folgas semanais, atendimento médico ou de se organizar em sindicatos. Muitos morriam por excesso de trabalho e má alimentação já que os salários não davam condições mínimas para o sustento dos proletários e sua família. A insatisfação e a revoltada da classe trabalhadora foi aumentando até estourar as grandes greves.

Em 1886, realizou-se uma manifestação de trabalhadores nas ruas de Chicago nos Estados Unidos da América. Essa manifestação tinha como finalidade reivindicar a redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias e teve a participação de milhares de pessoas. Nesse dia teve início uma greve geral nos EUA . A demanda de oito horas se transformaria, de uma reivindicação econômica dos trabalhadores contra seus patrões imediatos, na reivindicação política duma classe contra outra. O plano recebeu uma tremenda e entusiástica acolhida. Um historiador escreve: “Foi pouco mais que um gesto que, devido às novas condições de 1886, se converteu numa ameaça revolucionária. A efervescência se estendeu por todo o país.

Como resultado da greve os patrões fecharam as fábricas. Mais de 40.000 trabalhadores se puseram em pé de guerra. Começou uma repressão maciça não só em Chicago, principal centro do movimento grevista, senão que também por todo os Estados Unidos. A burguesia desatou uma de suas típicas campanhas de propaganda de ódio contra a classe operária e os sindicatos. Aos operários, os encarceravam às centenas.

Em 21 de junho de 1886, teve início o processo contra 31 responsáveis, que logo foram reduzidos a 8. O sistema judicial fez o resto: passou por cima de sua própria legalidade e, sem prova nenhuma de que os acusados tivessem algo a ver com a explosão em Haymarket, ditou uma sentença cruel e infame: prisão para três dos grevistas e morte por enforcamento para os ouros cinco. Em julho de 1889, o I Congresso da II Internacional acordou celebrar o Primeiro de Maio como jornada de luta do proletariado de todo o mundo em homenagem ao assassinato dos cinco Mártires da classe trabalhadora.

A luta continua
No Brasil tivemos grandes momentos de lutas operárias a exemplo das greves ocorridas no final da década 70 que ajudaram a derrotar a ditadura militar no Brasil e levaram a construção de dois grandes instrumentos de organização da classe trabalhadora brasileira: A CUT e o PT. Essas lutas permitiram que os trabalhadores e as trabalhadoras pudessem avançar em conquistas materiais e democráticas.
Todavia precisamos avançar mais ainda para superarmos esse modo de produção excludente que é o capitalismo. Capitalismo este que vive uma das suas piores crises estruturais. Os capitalistas como sempre querem “jogar nas costas da classe trabalhadora” as conseqüências dessa crise.

Neste 1º de Maio, a classe trabalhadora tomará as ruas em defesa do emprego, da renda e dos direitos, levantando a bandeira do desenvolvimento, da justiça e da solidariedade contra os que transformaram a economia do planeta em um gigantesco cassino financeiro.

Ao longo dos anos, países como os EUA impuseram sua receita de Estado mínimo, privatização, corte nos gastos públicos e redução de direitos sociais, retirando montanhas de recursos da produção para a especulação. Agora, a orgia financeira cobra seu preço e, em meio à ressaca, os capitalistas que lucraram bilhões parasitando o suor e o sangue da classe trabalhadora tenta passar a fatura dos rombos que geraram para o nosso bolso. Não vamos pagar esta conta!

A globalização neoliberal e sua lógica excludente faliram. Neste momento de luta e superação, a melhor vacina contra os impactos negativos da crise internacional é a defesa do nosso mercado interno, do emprego, da renda e dos direitos sociais, trabalhistas e previdenciários dos brasileiros.

Para enfrentar as demissões, é preciso pisar firme no acelerador do crescimento. É necessário reduzir urgentemente a taxa básica de juros e o elevado spread bancário, direcionando os recursos para o investimento público e produtivo, investir na reforma agrária e potencializar a agricultura familiar. Exigimos contrapartidas sociais para a liberação de recursos públicos a empresas, reduzir a jornada de trabalho sem redução de salário, pôr fim à alta rotatividade da mão-de-obra com a ratificação da Convenção 158 da OIT, que coíbe as demissões imotivadas.

Lutamos por:


- Defesa do emprego e da renda, fim das dispensas imotivadas, ratificação da Convenção 158 da OIT;
- Corte nas altas taxas de juros;
- Redução da jornada de trabalho sem redução de salário;
- Reforma agrária e fortalecimento da agricultura familiar;
- Investimento nas áreas sociais;
- Valorização dos serviços e dos servidores.

Somente com a unidade da classe trabalhadora e a disposição de ocuparmos as ruas e praças do país, honrando a história dos nossos mártires, é que poderemos derrotar o capitalismo e construirmos uma sociedade socialmente justa, economicamente igualitária, ambientalmente sustentável e radicalmente democrática.