100 anos de caminhada
Não podia deixar de passar data tão importante sem dizer algumas palavras a todas as mulheres e homens que compõem a Central Única dos Trabalhadores.
Publicado: 16 Março, 2010 - 00h00
Há 100 anos as mulheres resolveram que era chegado o fim de uma era de submissão e de silêncio. Este ano de 2010 estamos participando da Ação 2010 em comemoração aos 10 anos da Marcha Mundial de Mulheres e também os 100 anos do 8 de março. Nós mulheres da CUT estamos em marcha com as demais mulheres do movimento feminista brasileiro para visibilizar a nossa luta que tem sido árdua, porém tem se mostrado com muitos avanços.
Baseadas em fatos reais e em discussões políticas, concluímos que nós deveríamos ter uma data para lembrar ao mundo que não somos apenas aquelas que estão por trás de “grandes homens”, nem que gostamos de sermos chamadas de a “rainha do lar”.
Construímos o 8 de março baseadas no que já havíamos vivido e pensando no que estaríamos a enfrentar no futuro.
Noventa anos depois no ano 2000, dissemos ao mundo que, além de termos um dia para lembrar a nossa luta e as nossas conquistas, era preciso marchar por “Pão e Rosas”, com tudo o que isso possa significar.
Nessa caminhada, participamos em diversas conferências mundiais, denunciando a discriminação sofrida; fomos à ONU, à OIT, propusemos e aprovamos resoluções e dissemos BASTA!!! Basta de violência, basta de impunidade. Basta de discriminação na vida, no trabalho, no movimento sindical.
Passamos a primeira metade do século XX brigando pelo direito ao voto. Chegamos ao final daquele século como as mais preparadas para enfrentar o mercado de trabalho, porém a discriminação permanece; não há efetivamente igualdade de oportunidades, o que temos de continuar buscando, num processo crescente.
Nós, mulheres, continuamos com a dupla jornada, no trabalho e no lar. Mesmo assim, continuamos acreditando na rede de solidariedade que existe entre nós, para criarmos os nossos filhos sem abrir mão de nossas carreiras profissionais. E hoje, estamos provando que podemos ocupar qualquer espaço de poder, pois temos a competência para estar em qualquer debate, seja ele estratégico ou não, colocando nossas ideias, nossas necessidades, e nossas potencialidades.
Muito ainda há que ser feito. Em muitos países do mundo, continuamos na luta pelo direito à licença maternidade; mesmo no Brasil, permanece estamos em Campanha pela ratificação da Convenção 156 da OIT, que trata das responsabilidades familiares, e que pode ser mais um instrumento de libertação das mulheres, pois cláusulas em acordos e convenções coletivas de trabalho, baseadas nessa Convenção, podem nos garantir mais tempo para estar com nossos filhos e nossos idosos.
Sonhamos com Equidade de Remuneração em todo o mundo; temos trabalhado para isso em todos os ramos de atividade. Sabemos que muito ainda temos que caminhar, mas já demos os primeiros passos.
Outro momento rico e único que conquistamos em nossa história no Brasil é a Lei Maria da Penha, que vem coibindo principalmente a violência doméstica intrafamiliar sofrida por tantas mulheres; hoje podemos falar de assédio moral e sexual e denunciar, e as coisas “acontecem”; não está mais sendo como no passado, em que a mulher vítima era considerada a culpada pela agressão, numa total inversão de valores.
São tantas coisas boas, que mal nos damos conta. Sabemos que ainda muito temos a conquistar, mas temos a certeza de termos potencial humano para enfrentar todas as batalhas e vencer a guerra contra o machismo e a discriminação.
Quero concluir dizendo que sou trabalhadora municipal, e que muito me orgulha estar fazendo parte da Executiva Nacional da CUT, representando o meu ramo.
E, temos a certeza de que os mais de 65% de mulheres que estão no ramo municipal estão preparadas, como agentes públicas que são, para dialogar com a população nas quase 6.000 prefeituras deste país, sobre a missão que nós temos para 2010, que é dar continuidade ao projeto democrático e popular ora em curso, e para isso, VAMOS eleger pela primeira vez, para o cargo máximo do Brasil, uma mulher.
Será uma oportunidade única e histórica, pois, além de darmos prosseguimento a um governo voltado para os trabalhadores, com justiça social, faremos isso a partir de uma visão feminina.
Portanto, companheiras e companheiros, o desafio está lançado para nós. Feliz 8 de março e bom Dilma, a todas e a todos