Escrito por: Nathan Gomes
A Confetam/CUT, por meio da Secretaria de Combate ao Racismo, realizou nessa terça-feira (30), o Ato Nacional "Mulheres Pretas são a Revolução", encerrando o Julho das Pretas com uma live inspiradora que reuniu importantes vozes femininas do movimento sindical e ativista. A celebração foi marcada por discursos emocionantes e poderosos, que destacaram a luta contínua contra o racismo e a desigualdade.
Entre as convidadas estavam Anatalina Lourenço, Assessora Especial de Participação Social e Diversidade no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Ieda Leal, ativista do Movimento Negro Unificado, educadora e sindicalista, Júlia Reis, secretária de Combate ao Racismo da CUT Nacional, Matilde Ribeiro, ex-ministra-chefe da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial, Agna Cruz, atleta paraolímpica, ativista e presidenta do Coletivo de Mulheres com Deficiência do Distrito Federal, Luiza Batista Pereira, coordenadora Geral da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (FENATRAD), Cícera Batista, presidenta em exercício da Confetam/CUT, e Jucélia Vargas, presidenta licenciada da Confetam/CUT.
Cícera Batista, presidenta em exercício da Confetam/CUT, deu início ao evento, destacando a importância de reconhecer e combater o racismo e a discriminação não apenas nos locais de trabalho, mas também nos lares. "É uma alegria de estar aqui representando a Confetam enquanto militante, enquanto presidenta em exercício, orgulhosa da pasta de combate ao racismo na sua pessoa e na pessoa de tantas companheiras que vêm somando forças, porque nós sabemos que a luta contra o preconceito, contra a desigualdade, ela é muito importante em todos os recantos do nosso país, mas se fortalece no movimento sindical. O movimento sindical, como a gente costuma dizer, não é um espaço de luta apenas por salário, mas é um espaço de luta cidadã, de luta pela visibilidade em defesa de homens, mulheres e crianças", declarou Cícera.
A coordenadora Geral da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (FENATRAD), Luiza Batista, enfatizou a necessidade de enfrentar o preconceito de maneira direta e sem subterfúgios. "Não se combate o racismo fingindo que ele não acontece. Ignorando, aceitando um ato agressivo como uma brincadeira, como uma piada. Não se faz piada com preconceito, não se faz piada nem brincadeira com discriminação. Então, o mal se corta no combate, na luta, fazendo com que mulheres negras sejam respeitadas, sejam valorizadas e, acima de tudo, tenham principalmente igualdade, conquistas de direitos e oportunidades", afirmou.
A atleta paraolímpica, ativista e presidenta do Coletivo de Mulheres com Deficiência do Distrito Federal, Agna Cruz, reforçou a necessidade de visibilidade e representatividade, destacando os avanços que foram conquistados, mas também reconhecendo que ainda há muito a ser feito. "Nós estamos fazendo escolhas de luta, e as nossas lutas nós fomos colocando tijolinhos, e essa luta não é realmente fácil, mas nós optamos pela utopia, nós optamos pela resistência, nós optamos pela coragem, nós optamos pela ousadia, e a ousadia foi que nos fez mulheres que estamos aqui hoje", destacou.
Anatalina Lourenço, assessora especial de Participação Social e Diversidade no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), trouxe à tona a importância das mulheres que vieram antes, que lutaram e abriram caminho para as conquistas atuais. "Eu não tinha a coragem que tenho hoje quando era menina, eu não me enxergava no livro, eu não me enxergava na boneca, eu não me enxergava no brinquedo, eu não me enxergava em lugar nenhum, mesmo a gente tendo uma lei 10.639, que faz 20 anos, que não está colocada em prática na sua essência, mas nós já vemos muitos resultados", afirmou.
Carol Dartora, deputada Federal do Paraná, mandou um recado, ressaltando a importância da ousadia e da coragem para enfrentar os desafios diários e lutar por um mundo melhor. "Isso não é pouca coisa, não. Isso é um diferencial enorme de uma construção coletiva, de mulheres ousadas, ditas por alguns, metidas, barraqueiras. Não, nós temos utopia, ousadia, esperança, esperançar. Não ficamos sentadas no meio e esperando a banda passar. Nós, as que nos antecederam, fizeram, nós faremos hoje e as nossas farão amanhã", disse Carol. Amana Santa, assessora da Secretaria de Gestão do Trabalho e na Saúde do Ministério do Trabalho, também participou enviando um recado para as mulheres da Confetam. Ela reforçou a força da utopia e da coragem que movem as mulheres negras. "Nós optamos pela utopia, nós optamos pela resistência, nós optamos pela coragem, nós optamos pela ousadia, e a ousadia foi que nos fez mulheres que estamos aqui hoje nessa live", disse.
Jucélia Vargas, presidenta licenciada da Confetam/CUT, celebrou as atividades do Julho das Pretas e refletiu sobre os avanços conquistados ao longo dos anos. "Eu quero contribuir nessa live, eu ouvi aí um pouco a fala da Anatalina, grande mulher de luta e de construção política, e eu tenho ouvido muito as pessoas falarem nisso na questão das nossas fragilidades, do nosso direito de sofrer, do nosso direito de dizer não, mas eu quero, nesse Julho das Pretas, trazer um pouquinho um outro olhar, eu fiquei refletindo e eu tenho olhado a partir pouco, pouco que a gente evoluiu, pouco que a gente avançou, mas este pouco é tão significativo", refletiu.
Destacando a importância de celebrar as conquistas e continuar lutando com coragem e esperança, Júlia Reis, secretária de Combate ao Racismo da CUT Nacional, refletiu sobre a vivência das mulheres negras. "Nós somos mulheres de coragem, eu sei que não é todo dia que essa coragem nos vence, às vezes a gente quer fraquejar, mas vamos olhar, porque avanços também são pra ser comemorados. Nós não temos habitação pro nosso povo ainda, nós não temos melhores empregos, nós não temos cargos de poder, nós não temos isso que a política pública ainda não alcançou a nossa negritude, nós ainda estamos na periferia, o esgoto corre a céu aberto, falta muita coisa, mas se nós olharmos pros pontos em que nós escolhemos para avançar e para lutar, que foi a questão da visibilidade, a questão do empoderamento de algumas mulheres negras, de olhar na tela da televisão, não nos olhar só nos espaços de fragilidade, e falar de nós só falando como escravos, mas sim como reis, como imagens pra serem construídas a partir das nossas imagens, das identidades", afirmou.
Ieda Leal, ativista do Movimento Negro Unificado, educadora e sindicalista, concluiu o evento com uma mensagem de gratidão e esperança. "Minhas amadas, minhas maravilhosas companheiras de luta e de caminhada, sigamos passando essa nossa energia, essa nossa vontade de viver e de mudar o mundo a todas as nossas negras, meninas, jovens, mulheres, e mulheres não negras que querem também mudar esse mundo com a ousadia, com a utopia, com a esperançar, com a coragem", encerrou.