Escrito por: Nathan Gomes

Confetam debate desigualdades e reparação racial em oficina do Novembro Negro

Confetam/CUT promove Ciclo de Oficinas no Novembro Negro com o tema “Racismo no Brasil – História e Resistência”

 

A Confetam/CUT realizou, na última terça-feira (19), a segunda oficina do Ciclo “Racismo no Brasil – História e Resistência”. O evento reuniu dezenas de sindicalistas em um debate aprofundado sobre as desigualdades estruturais e as políticas de reparação racial, reforçando a necessidade de ações concretas para a construção de uma sociedade antirracista e livre de opressões.

Ministrada pelo professor Márcio de Souza, a oficina “Desigualdade e Políticas de Reparação” abordou as origens históricas do racismo no Brasil e a importância das políticas afirmativas como ferramentas de justiça social. Márcio destacou que o racismo não é um acidente histórico, mas uma estrutura deliberada de controle e exploração. “O 20 de novembro não é apenas uma data simbólica. É a consagração da luta negra no Brasil, que ressignificou a história ao transformar a resistência em uma força organizada e sistêmica. Políticas de reparação, como as cotas e ações afirmativas, são instrumentos indispensáveis de justiça histórica e social”, afirmou o professor, destacando o papel transformador do conhecimento.

A presidenta da Confetam, Jucélia Vargas, reforçou que o Novembro Negro não é um momento de celebração, mas de ação e análise crítica. “É um mês para trazer à consciência o nosso processo histórico, para denunciar o racismo estrutural e propor caminhos de superação. Não podemos nos contentar com gestos simbólicos; é preciso atuar para que a sociedade se torne, de fato, antirracista. Isso inclui a luta pela implementação integral da Lei 10.639/03, que ainda não é respeitada em muitos estados e municípios”, pontuou Jucélia, fazendo um apelo para que as escolas e sindicatos mantenham o tema vivo ao longo do ano.

Vilani Oliveira, Secretária de Combate ao Racismo da Confetam/CUT, destacou o papel central das organizações sindicais nessa luta, ao unir as demandas de classe, raça e gênero. Para ela, compreender a interseccionalidade é fundamental para desmontar as bases do racismo estrutural. “O movimento sindical precisa ser a linha de frente na defesa das políticas públicas que atendam a população negra, como as ações afirmativas na saúde e na educação. Conhecimento, organização e resistência são nossas ferramentas para mudar a história. Não podemos limitar a luta às datas comemorativas; é preciso lutar todos os dias”, afirmou Vilani.

Ainda segundo Vilani, o Novembro Negro é um espaço para o fortalecimento da identidade e da autoestima da população negra. “Essa é uma oportunidade de reafirmar nossas raízes, honrar a história de nossos antepassados e projetar o futuro que queremos construir. Precisamos inspirar e mobilizar a sociedade, garantindo que cada conquista seja um passo para desmontar a estrutura racista que ainda nos oprime”, concluiu.