Escrito por: Thiago Marinho

Confetam lança a campanha “O serviço é público, meu corpo não”

A Confetam/CUT lança a campanha nacional “O serviço é público, meu corpo não”, que visa conscientizar as mulheres, neste mês de março, sobre as práticas de violência.

Confetam

A Confetam/CUT lança a campanha nacional “O serviço é público, meu corpo não”, que visa conscientizar as mulheres, neste mês de março, sobre as práticas de violência recorrentes nos ambientes de trabalho. 

Algum dia você se sentiu constrangida ou constrangido por uma roupa que usava? Teve vergonha do seu peso? Precisou esconder algum aspecto da sua identidade? Foi vítima de uma “brincadeira” que te deixou desconfortável? Recebeu algum toque ou olhar que não gostou? Ou talvez alguma proposta indecente? Ouviu comentários desagradáveis sobre seu jeito de ser ou aparência?

Se você respondeu sim a qualquer uma dessas questões, é muito provável que você tenha sofrido violência, entre elas o assédio sexual.

O pesquisador norueguês de estudos sobre a paz chamado Johan Galtung define violência como aquilo que acontece quando indivíduos ou grupos são diretamente ou indiretamente impedidos de viverem seu potencial como seres humanos. Assim, vio- lência é a causa da diferença entre aquilo que poderia ter sido e aquilo que é, ou seja, o que restringe nossa vida e experiências.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), pode se definir como assédio sexual: “A conduta de natureza sexual, manifestada fisicamente, por palavras, gestos ou outros meios, proposta ou imposta a pessoas contra sua vontade, causando-lhe constrangimento e violando a sua liberdade sexual. O assédio sexual viola a dignidade da pessoa humana e os direitos funda- mentais da vítima, tais como a liberdade, a intimidade, a vida privada, a honra, a igualdade de tratamento, o valor social do trabalho e o direito ao meio ambiente de trabalho sadio e seguro."

A Confetam/CUT tem em sua história ações concretas a favor da ampliação dos direitos das mulheres e de combate às violências no local de trabalho. Por meio de cursos, seminários, aulas públicas discutimos a temática de gênero sempre articulada com o recorte de raça/etnia, diversidade e identidade. 

Nos últimos anos, temos observado um crescimento das práticas de Assédio Sexual que chegam a nós e não poderíamos ficar indiferentes a essa problemática. 

Lidar com o assédio sexual requer de nós muita sensibilidade e atenção. As vítimas, em sua maioria mulheres, chegam ao locais completamente abaladas, chocadas e vulneráveis. 

Precisam de um ambiente acolhedor e de pessoas capacitadas e sensíveis que entendam sua dor. Sabemos que o assédio sexual pode trazer consequências severas para a vida das vítimas, causando adoecimento físico e mental. Vale ressaltar que apesar de homens também serem vítimas de assédio, estas são majoritariamente mulheres exatamente por vivermos em uma sociedade patriarcal, machista e racista, que ainda enxerga a mulher e seu corpo como sendo algo que pode ser ameaçado, tocado ou violado.

Não é possível falar de assédio sexual sem tocar nas questões de gênero, raça/etnia e diversidade, e esta campanha procura abordar esses temas de forma a ajudar a construir um roteiro formativo e orientativo, visando à prevenção e ao combate dos abusos sofridos nos locais de trabalho.