Escrito por: Nathan Gomes
Na noite dessa quarta-feira (10), a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal (Confetam/CUT) promoveu, via plataforma virtual, o seminário alusivo ao Julho das Pretas que debateu o impacto do racismo na vida das mulheres negras. O encontro on-line reuniu diversas lideranças sindicais e contou com a participação da deputada estadual do Rio Grande do Norte, Divaneide Basílio (PT), e Mártir Silva, secretária Executiva da Igualdade Racial do Ceará.
Vilani Oliveira, secretária de Combate Racial da Confetam, mediou o encontro e enfatizou a importância de ampliar a representatividade negra nos espaços de decisão política. "Não queremos só um dia de reconhecimento, queremos todos os dias para celebrar nossas conquistas e avançar nas pautas que importam para nossa comunidade", afirmou, destacando a necessidade de ações concretas para enfrentar o racismo e promover a equidade.
A deputada estadual do Rio Grande do Norte, Divaneide Basílio (PT), lembrou dos desafios enfrentados desde sua primeira candidatura em 2004. "Quando a gente diz 'eu quero ir para o mundo da política, eu quero ocupar esse espaço', não é só para que a nossa vida seja de sacrifícios".
Em relação às vitórias políticas e representatividade, Divaneide celebrou sua trajetória de luta. "Não ganhei a eleição naquele momento, mas transformei essas experiências em luta. Tive apoio do projeto Vote Negra, do Elas por Elas, da luta sindical e pastoral. A gente anda de bando, de ruma", afirmou, destacando a importância do apoio coletivo na sua jornada.
Mártir Silva trouxe à discussão a importância de políticas públicas efetivas para combater o racismo estrutural. "É fundamental que nossas vozes sejam ouvidas não apenas nos discursos, mas nas práticas políticas que efetivamente transformem a realidade das mulheres negras", enfatizou, sublinhando a urgência de medidas que garantam igualdade de oportunidades e acesso aos direitos fundamentais.
Ambas compartilharam experiências marcantes de resistência e superação. Divaneide relembrou iniciativas como audiências públicas para discutir direitos e violências enfrentadas pela juventude negra. "Nossa ação de mediação da mão de obra foi um fracasso porque para os jovens se credenciarem, precisavam ter um documento. Além de não terem documentos, foram abordados de forma arbitrária", explicou, sublinhando os desafios enfrentados pela população negra em acessar direitos básicos.
Mártir Silva reiterou seu compromisso em seguir lutando por justiça social, igualdade e representatividade. "Não vamos retroceder nunca mais. Vamos derrubar o fascismo, o racismo, o patriarcado", concluiu.
Para Vilani Oliveira, a batalha contra o racismo exige mais do que palavras. "Precisamos de políticas públicas que garantam igualdade e oportunidades para todos", enfatizou, destacando a necessidade de mudanças estruturais para enfrentar as desigualdades raciais no Brasil.