Entidade repele com veemência tentativa de golpe de Bolsonaro contra os poderes Legislativo e Judiciário e convoca servidores públicos municipais às ruas para defender a democracia.
A Confederação dos Trabalhadores no Serviço Púbico Municipal (Confetam/CUT) repudia o compartilhamento no WhatsApp pelo presidente Jair Bolsonaro de vídeo convocando o povo brasileiro a ocupar as ruas, no dia 15 de março, contra “os inimigos do Brasil”. Entenda-se por “inimigos” dois dos três pilares de sustentação da frágil democracia brasileira: o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF).
Ao apontar o Congresso e o STF como adversários, o chefe do poder Executivo rasga a Constituição Federal de 1988 que caracteriza como crime de responsabilidade passível de impeachment atos do presidente da República cometidos contra o livre exercício dos poderes Legislativo e Judiciário.
Pressionado pela sua baixa popularidade, pelo fracasso da política econômica do ministro Paulo Guedes e pela repercussão do envolvimento da família Bolsonaro com os milicianos que assassinaram Marielle Franco, o presidente lança mão de uma perigosa cartada que pode levar o Brasil a uma nova e ainda mais obscura ditadura militar.
Com a queda do apoio do mercado financeiro e dos grandes veículos de comunicação, restou a Bolsonaro convocar a população a defender o seu desgoverno, "ameaçado" por deputados federais, senadores e ministros do STF, supostos "obstáculos" a seus planos de privatizar o Estado e transformar o maior país da América Latina numa colônia do imperialismo.
Incentivada por militares de alta patente que ocupam cargos estratégicos no desgoverno, a crise institucional entre os três poderes da República constitui uma grave ameaça à democracia, cuja condição essencial é o respeito e a independência entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
A Confetam/CUT se irmana às forças progressistas no repúdio ao autoritarismo do desgoverno Bolsonaro e convoca as federações filiadas, os sindicatos de servidores públicos municipais e os trabalhadores da base a irem às ruas no dia 18 de março, data da Greve Geral do Serviço Público e da Educação.
Nas ruas, os servidores das prefeituras brasileiras irão se contrapor ao arbítrio de militares encastelados no Palácio do Planalto, e defender, de maneira intransigente, a Constituição, a democracia, os serviços públicos, a educação e todos direitos socias vilipendiados no Brasil desde o golpe que depôs a presidenta Dilma Rousseff.
Nesse momento sombrio em que o país está mergulhado, lembramos o célebre discurso de Ulysses Guimarães, o Senhor Diretas, durante a promulgação da Carta Magna de 1988: “temos ódio e nojo à ditadura”. Portanto, todos às ruas no dia 18 de março!
Fortaleza, 27 de fevereiro de 2020
Confederação dos Trabalhadores no Serviço Púbico Municipal - Confetam/CUT