Escrito por: Andre Accarini

CUT e Confetam reforçam mobilização nacional para o 4M

Ação solidária distribuirá cupons de desconto para compra de combustíveis para provar que preço justo é possível. Mobilização é em defesa das estatais, serviço público, auxílio emergencial e vacina

REPRODUÇÃO
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Para provar, na prática, que os preços dos combustíveis poderiam ser menores e não serem reajustados praticamente toda a semana, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), suas federações, sindicatos e confederações, entre elas a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal (Confetam/CUT), realizarão, nesta quinta-feira (4), uma ação solidária em todo o país, com distribuição de cupons de desconto para abastecimento e compra de botijões de gás.

As entidades subsidiarão o valor para oferecer à população os combustíveis a preço justo em ações com parceria de movimentos sociais, CUTs estaduais e associações de moradores de comunidades.

Com a ação - veja relação de locais onde será realizada abaixo -, em alguns locais, a gasolina e o diesel poderão ser adquiridos a R$ 3,50 o litro e o botijão de gás, por R$ 50,00. O número de cupons será limitado.

Os sindicatos de bancários filiados à Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Contraf-CUT) também participarão das ações solidárias em todo o país. “Serão realizadas mobilizações integradas, que abordarão não só a defesa dos bancos públicos, mas também, da Petrobras e demais estatais”, afiram Gustavo Tabatinga Jr. Secretário Geral da Contraf-CUT

A mobilização também será organizada nas mídias sociais (Twitter, Instagram, Facebook e outras), com a “hashtag” #BBoBancoDeTodos.

Em defesa do serviço público

Tabatinga Jr se refere às outras ações que fazem parte do Dia Nacional de Mobilização, organizado pela CUT e centrais sindicais contra a redução do papel do Estado promovida pelo governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL). As pautas incluem a defesa das empresas estatais; a defesa do serviço público; auxílio emergencial e Vacina Já!

Preço justo é possível

O objetivo da campanha solidária é conscientizar a população sobre os impactos sociais da política de preços das Petrobras que tem penalizado os trabalhadores brasileiros. Praticada pela Petrobras desde o governo do golpista Michel Temer, mantida pelo governo Bolsonaro, a Política de Paridade de Importação (PPI) acompanha os preços do mercado internacional e está ajudando a estrangular ainda mais a economia brasileira. E a população é que sente, no dia a dia, os impactos no orçamento familiar.

“O preço do gás  um absurdo. Aqui no Rio, em janeiro comprei um botijão. Paguei quase 80 reais. A gente economiza pra durar mais, mas não tem a menor condição. Toda vez que vai comprar o gás o preço já aumentou. Imagina quem ganha salário mínimo. É quase 10% do salário. Não tem a menor condição de continuar desse jeito”, reclama a pensionista Andreia Guardiano, de 47 anos.

"Se o governo e a Petrobras adotassem uma política de preços baseada nos custos nacionais de produção, o gás de cozinha, assim como os outros combustíveis seriam bem mais baratos, sem precisar jogar a culpa nos tributos, que servem para atender as demandas sociais do povo com serviços públicos de qualidade", afirma Deyvid Bacelar, coordenador geral da Fup.

O secretário de Comunicação da CUT, também trabalhador petroleiro, Roni Barbosa, explica o brasileiro não tem que pagar no combustível o mesmo preço de países que não produzem petróleo. “Os brasileiros não tem que pagar o que se produz aqui com preço que se pratica lá fora. É um absurdo. Preço justo nos combustíveis é urgente e necessário!”, diz o dirigente.

Preço que se paga lá fora e que não para de subir por aqui

Na terça-feira (2), a Petrobras anunciou mais um aumento de cerca de 5% nos preços. É o terceiro do ano para o gás de cozinha, quarto do ano para o diesel e quinto aumento da gasolina em 2021.

“O preço do gás não para de subir e não sei onde a gente vai parar.  Cada vez que acaba o gás dá um frio na barriga porque você não sabe o quanto vai pagar”, diz a autônoma (MEI) Maya Sangawa, 50 anos, moradora de Niterói.

“Pesa no orçamento e a gente tem outras coisas pra pagar em casa – o aluguel, as contas de água e luz, e tem que sobrar para a comida. Cada vez que você vai no supermercado, compra menos com mesmo dinheiro. Não sei como a gente vai fazer”, ela lamenta.  

Jeitinho que não adianta

“Antes aumentava a cada quatro meses. Agora, só esse ano, já aumentou três vezes. A gente usa micro-ondas, a air-frier, mas aí gasta do outro lado energia elétrica, então a gente não sabe se come ou compra o gás”. O relato é de Ana Carolina Pesse, formada em Educação Física, da baixada santista.

Ela conta que o marido é autônomo e “trabalha pra conseguir o do dia”, se referindo à renda familiar. “Se o preço do gás aumentar mais, vamos ter apelar pro lampião”, ela brinca em referência a ter de que arrumar outras formas para poder cozinhar.

Mobilização

O conjunto das ações deste dia 4 de março é um instrumento para – mais uma vez – mostrar a insatisfação da população brasileira  com o governo Bolsonaro.

Paulo Guedes, ministro da Economia, tem despenhado bem o papel de agente do caos para os milhões de brasileiros informais, desempregados e microempreendedores individuais que ficaram (e ainda estão) sem a renda do auxílio emergencial, encerrado em dezembro pelo governo.

Ao mesmo tempo, Guedes quer promover uma devassa nas estatais brasileiras, destruindo o patrimônio nacional e entregando instituições como Correios, Petrobras, Caixa e Banco do Brasil à iniciativa privada.

Na saúde, o atraso para o início da vacinação no Brasil, a demora na compra de vacinas, a propaganda de medicamentos sem nenhuma comprovação cientifica de eficácia, a omissão em relação a situações urgentes como a falta de oxigênio em Manaus, comprovam o negacionismo do governo, que tem como representante não somente Bolsonaro mas também seu ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello.

Trabalhadores do Banco do Brasil também vão reforçar a ação solidária

Durante as ações desta quinta, os bancários do BB divulgarão uma Carta-Aberta à sociedade, em defesa do banco. Também utilizarão carros de som, com mensagens voltadas à defesa das empresas públicas.

Nas unidades do Banco do Brasil serão realizadas reuniões com os funcionários para expor o caráter destrutivo das medidas do governo federal, que, além dos ataques aos bancos públicos, se estende à outras empresas fundamentais ao desenvolvimento do país, como a Petrobrás e Correios.

Locais de mobilização

Veja alguns locais onde ações solidárias serão realizadas:

Amazonas:

Gasolina a preço justo. Serão distribuídos 2 mil com descontos, destinados a taxistas, prioritariamente (limite de 20 litros por carro), no Posto São Lucas, na Avenica Cosme Ferreira (altura do número 20) em Manaus.

Bahia

Diesel a preço justo: serão 10 mil litros ao preço de R$ 3,09 (limite de 100 litros por caminhão). A partir das 7h, no Posto Aratu, em Salvador (sentido - Salvador/Feira de Santana), na BR 324, km 16,5

Gasolina a preço justo: Serão 2,8 mil litros ao preço de R$3,50 (limites: 20 litros por carro e 5 litros por moto) no Posto Modelo (Av. Getúlio Vargas) em Feira de Santana, às 13h.

Brasília

CUT-DF promove debate sobre a luta contra as privatizações, contra a Reforma Administrativa e ato simbólico de entrega solidária de cestas básicas a famílias organizadas pela AMORA, às  11h, na  Quadra Coberta QN 12C do Riacho Fundo II

Ceará

Gasolina a preço justo em Fortaleza. Serão 1700 litros de gasolina ao preço de R$ 3,50 (Limites: 20 litros por carro, 5 litros por moto).

Espírito Santo

Ação ocorre nesta quarta-feira (3): gasolina para os 100 primeiros veículos que chegarem a partir das 11h com desconto de R$ 2,00 por litro (limitados a 20 litros por carro e 10 litros por moto), em São Matheus, no Posto Mar Negro.

Minas Gerais

“Gasolina a preço justo”: Ação da FUP e CUT/MG. Serão 4 mil litros, com limites de 20 litros por carro e 10 litros por moto. Público alvo: motoristas de aplicativo.

Pará

Em Belém serão distribuídos 100 botijões a preço justo para as mulheres da periferia da cidade, em uma parceria FUP, MAB e CUT/PA.

Paraíba e Pernambuco

Atividade será na Paróquia do Coque/Pastoral das Crianças, às 11h30, realizada pela CUT, FUP, Sindipetro PE/PB em parceira com MST, Marcha Mundial das Mulheres, Levante Popular da Juventude, Projeto Mãos Solidárias do Armazém do Campo -  Serão doados 50 Botijões de gás e alimentos agroecológicos (1,5 ton), produzidos pela Agricultura Familiar

Rio de Janeiro (Norte Fluminense)

Serão 300 botijões subsidiados ao preço de R$ 40,00 em uma ação conjunta com o Sindipetro-NF em Caxias, na manhã do dia 4, no Conjunto Habitacional Dom Jaime Câmara em Padre Miguel.

Rio Grande do Norte

A “Ação Gasolina” será realizada entre os dias 8 e 12 de março, com início em Mossoró e previsão para alcançar os principais municípios do estado. Serão 2.000 litros de combustível somente em Mossoró. Público principal: motoristas de transporte autônomos.

Ato virtual a partir das 19h, no portal da CUT-RN, na página do Sinte-RN, Facebook e pelo Instagram

Rio Grande do Sul

Ação de distribuição de descontos para 50 botijões, em conjunto com o Movimento Atingidos por Barragens (MAB) no dia 15/03, em comunidades de atingidos.

São Paulo

“Caminhada pela Vida”, em defesa da educação e contra as aulas presenciais, por Vacina Já!, em defesa do SUS, do auxílio emergencial, do emprego e contra as privatizações. Concentração às 10h, na Praça do Patriarca com caminhada até a Praça da República, onde a Apeoesp também realizará um ato.

Outros estados:

Paraná e Santa Catarina estão em lockdown por conta da pandemia, e realizarão ações somente na próxima semana.

*locais a serem confirmados serão divulgados nesta matéria posteriormente

 

Edição: Marize Muniz e Déborah Lima