Escrito por: Nathan Gomes

Dirigente da Confetam participa de debate sobre saúde mental no ambiente de trabalho

Fabrício

Na manhã dessa quarta-feira (26), a professora Vilani Oliveira, secretária de Combate ao Racismo da Confetan, participou de uma audiência pública na Câmara de Vereadores de Maracanaú, no Ceará, para debater os altos índices de afastamento do trabalho em decorrência da saúde mental. A audiência foi organizada pelo Sindicato dos Professores de Maracanaú (Suprema) e acolhida pelo vereador Ivonaldo Lima (PP).

A audiência pública buscou trazer à tona a gravidade da situação e promover um debate sobre possíveis soluções para melhorar as condições de trabalho e saúde mental dos professores. Nos últimos três anos, quase 1.500 professores se afastaram de suas funções por problemas como depressão, ansiedade, síndrome do pânico e outras condições semelhantes, resultando em quase 45 mil dias de ausência. Esse cenário preocupante evidencia o aumento de adoecimento entre os profissionais da educação.

Vilani Oliveira destacou diversos fatores que contribuem para esse quadro alarmante. Segundo ela, "a sobrecarga de trabalho, a desvalorização, as pressões externas, como a violência e a ocupação de territórios por facções", são alguns dos elementos que influenciam nos casos desse adoecimento.

"É sabido também que a síndrome de burnout, que é uma espécie de esgotamento físico e mental que gera um desinteresse pela atividade laboral, é uma doença hoje já reconhecida e que está dentro da legislação como doença mental. Foi diante de todos esses elementos que o sindicato sugeriu essa audiência", ressaltou a dirigente.

 A secretária enfatizou ainda que diversos outros fatores contribuem significativamente para o adoecimento dos professores. "A carga horária excessiva de trabalho, os baixos salários que obrigam muitos professores a trabalharem mais de 300 horas, o estresse e a pressão pelo cumprimento de metas educacionais são questões cruciais", explicou Vilani. Ela também mencionou a falta de estrutura adequada nas escolas, salas de aula superlotadas e condições precárias de trabalho como desafios adicionais enfrentados pelos educadores.

"Além dos desafios estruturais, há também o impacto das decisões políticas. Quando os vereadores votam pela retirada de direitos dos professores ou não apoiam suas greves legítimas, isso também causa adoecimento", alertou Vilani. Ela destacou a importância de um cuidado mais atento por parte dos legisladores em relação às políticas que afetam diretamente a saúde mental dos profissionais da educação.

Nívia Marx, que abriu a audiência, apresentou um panorama geral das demandas enfrentadas pelo sindicato. Ela ressaltou a importância de uma campanha contra o assédio moral, lançada pelo Suprema, destacando que o assédio é uma das principais causas do adoecimento dos professores. Nívia enfatizou a necessidade urgente de uma legislação que aborde essa questão de maneira eficaz. "É fundamental que os vereadores tenham cuidado ao votar projetos que retiram direitos dos professores, pois esses atos podem ser gatilhos para o adoecimento da categoria", alertou Nívia.

Na audiência, representantes de diversas áreas, incluindo Educação, Ação Social e Psicologia, discutiram medidas urgentes para enfrentar esses desafios e promover um ambiente de trabalho mais saudável para os professores. O evento foi marcado pela histórica participação pública e pela busca por soluções concretas para um problema complexo e crescente na sociedade educacional de Maracanaú.