Domingo é dia de escolher prefeitos e vereadores aliados às pautas dos trabalhadores
Às vésperas das eleições, CUT alerta para a importância da escolha de candidatos que representem os interesses da classe trabalhadora também nos municípios
Publicado: 13 Novembro, 2020 - 19h24
Escrito por: Andre Accarini
Na reta final das Eleições Municipais de 2020, a CUT alerta para a importância da escolha de candidatos comprometidos com os interesses da classe trabalhadora tanto para as vagas nas Prefeituras quanto nas Câmaras de Vereadores.
Para a CUT, o próximo domingo (15), dia em que 148 milhões de brasileiros irão às urnas para escolher prefeitos e vereadores nos 5.570 municípios do país, é um momento crucial para a escolha correta de candidatos e candidatas que tenham propostas alinhadas às necessidades reais e anseios da população, com os direitos dos trabalhadores e que não defendam exclusivamente os interesses da elite econômica.
As eleições de 2020, acreditam os dirigentes da Central, representam a possiblidade de o povo brasileiro começar a mudar os rumos do país, saindo da política nefasta de governantes neoliberais que promovem o sucateamento de serviços públicos essenciais à população e a retirada de direitos, como vem fazendo o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL).
Eleger candidatos comprometidos com a classe trabalhadora, nos municípios, é o começo do caminho para reverter o retrocesso em 2022, afirma Vagner Freitas, vice-presidente da CUT.
“Votar agora no vereador que vem do bairro, do sindicato, do movimento de moradia e votar em um prefeito que defende investimentos na cidade, nos serviços públicos, como em saúde em educação e moradia, que conheça as dificuldades dos trabalhadores fortalece muito a luta para que em 2022, sejam eleitos deputados, governadores, senadores e um presidente que tenham igualmente compromisso com a classe trabalhadora”, diz Vagner Freitas.
De forma equivocada, as eleições municipais, às vezes, são menosprezadas em relação ao cenário político nacional, acrescenta o cientista político Benedito Tadeu César, professor aposentado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e integrante do Movimento Democracia, Diálogo e Diversidade e do Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito.
“Costuma-se achar que a eleição municipal tem só esse âmbito, mas é o momento de eleger prefeitos e vereadores que serão as bases dos candidatos a deputados estaduais e federais, governadores, senadores e o presidente da República”, diz explicando que os governantes mobilizam votos para as cadeiras nas outras esferas do poder.
Neste momento, complementa Vagner, o trabalhador tem seu futuro nas mãos e pode decidir que país quer para ele e sua família escolhendo com cuidado em quem vai votar para prefeito ou vereador.
“Se votar em representante dos trabalhadores agora, será respeitado pelos políticos e não perderá direitos conquistados. Se votar em representantes de empresários, vai só ser manipulado e corre o risco de perder direitos”, diz o dirigente.
O voto na vida, o voto na democracia
A CUT, como defensora dos interesses e dos direitos dos trabalhadores, em todas as eleições se posiciona a favor e orienta o voto nos candidatos alinhados às pautas da classe trabalhadora.
Vagner Freitas explica que a orientação tem como premissa fundamental a qualidade de vida dos brasileiros. “Apoiamos quem defende o direito à vida digna e desenvolvimento com geração de emprego com direitos, renda, e serviços públicos de qualidade”.
Na lista de perfis de candidatos contrários aos trabalhadores, conforme cita Vagner Freitas, estão aqueles que expressam opiniões agressivas e conservadoras contra as mulheres, negros, os mais pobres - os antitrabalhadores, os racistas, machistas e homofóbicos -, enfim, todos aqueles cujos discursos diminuem o ser humano e não tratam a todos como iguais perante o Estado.
Não deixe que um outro Bolsonaro da vida, que diz que nordestino é cabeça chata, que desrespeita mulheres, LGBT´s, que diz que o Brasil é um país de ‘maricas’, seja eleito para vereador e prefeito de sua cidade. Trabalhador tem o direito e o dever de não votar em candidatos assim
- Vagner Freitas
Virada à vista
Em uma live organizada pela CUT-RS, o cientista político Benedito Tadeu César, fez uma avaliação sobre o cenário político das eleições em 2020.
Ao citar o histórico das últimas eleições da capital gaúcha, ele diz que “esquerda vinha decrescendo e perdendo o pleito para a direita e que este é um panorama nacional”.
A causa, ele explica, é que “foi montado um cenário de pensamento que os partidos com compromissos populares eram inimigos do povo e tinham quer ser banidos”. Na avaliação do professor, neste ano a esquerda ainda não terá uma vitória expressiva em âmbito nacional, mas haverá um grande retrocesso da ultradireita.
“A onda fascista está perdendo força e [o índice de aprovação] Bolsonaro está em baixa. A esquerda não vai recuperar o que tinha de imediato, mas vai recuperar um grande espaço”, conclui.
Disputa
De acordo com levantamento feito pelo Jornal Folha de S. Paulo, com base em debates feitos nas redes sociais, em 11 capitais, os primeiros colocados nas pesquisas estão mais à esquerda do que o atual prefeito.
Exemplo claro do crescimento do protagonismo da esquerda nas eleições municipais é o crescimento da candidatura de Manuela D´Ávila (PCdoB) à prefeitura de Porto Alegre que segundo as pesquisas, vai para o segundo turno. E isso em um estado que votou quase em massa na direita em 2018.
“Por lá, do outro lado, os adversários de Manuela são candidatos que disputam entre si as ideias nefastas de Bolsonaro - disputam quem é mais retrógrado”, diz Benedito Tadeu.
Em São Paulo, as candidaturas de esquerda, como a Guilherme Boulos (PSol) e Jilmar Tatto (PT), foram apontadas como as que têm propostas mais extensas e detalhadas em pautas de interesse dos trabalhadores.
A disputa na capital paulista é polarizada. De um lado partidos que defenderam e apoiaram o golpe de 2016, que tirou do poder a presidenta Dilma Rousseff e deu início à onda de ataques aos direitos como a reforma Trabalhista, a reforma da Previdência, A Emenda Constitucional do Teto dos Gastos Públicos e agora, a reforma Administrativa que Bolsonaro tenta emplacar e que significa a destruição dos serviços públicos.
Bruno Covas (PSDB) e Celso Russomano (Republicanos), apoiado por Bolsonaro, eram deputados à época do impeachment e fizeram parte do time que votou a favor do golpe.
Do outro lado, Tatto e Boulos de partidos que, por ideologia, defendem as pautas das populações mais vulneráveis.
A mudança na percepção do brasileiro
A chance real de vitória de candidatos à esquerda nessas eleições tem como fator o choque de realidade imposto aos brasileiros por causa da pandemia do novo coronavírus.
Vagner Freitas explica que antes da pandemia, políticos conservadores, ligados a Bolsonaro e aos patrões, diziam que o SUS não servia para nada e deveria ser privatizado.
”Não morreu mais gente durante a pandemia do novo coronavírus porque tem o SUS público e por conta dos heróis que são os trabalhadores da saúde, servidores públicos que dão sua vida para salvar a dos outros”.
O trabalhador, de acordo com o dirigente, foi enganado por esses políticos. Ele afirma que o brasileiro já está vendo que privatizaram serviços como a luz, o telefone, a energia elétrica e que nada funciona e os preços só aumentam.
Outro caso que deixou claro é o auxílio emergencial que Bolsonaro, não queria pagar. “Nós, as a CUT e centrais sindicais, partidos de oposição é que aprovamos o auxílio que salvou a vida de milhões de brasileiros”.
“Vamos lembrar que esse povo foi eleito dizendo que o Bolsa-família era coisa para vagabundo e que hoje todos os economistas sérios, liberais ou socialistas entendem que ações do Estado como esses programas ajudam a reequilibrar a economia do país em momentos de crise como a atual e que sem o Estado intervindo, colocando recursos nas mãos dos mais pobres, para que possam consumir, a economia entra em colapso.”
De acordo com Vagner, esses são fatores que fizeram com que os brasileiros percebessem a importância do Estado na vida dos cidadãos e que projetos liberais e ultraconservadores só beneficiam a elite brasileira.
O momento, portanto, às vésperas das eleições, é de aprofundar a reflexão sobre o momento pelo qual passa o Brasil e suas consequências para os trabalhadores mais pobres e é nos municípios que as políticas públicas começam a ser discutidas.
*Edição Marize Muniz