Marcha exige que prefeito de São Paulo receba grevistas
Em greve pela vida há 100 dias, servidores da Educação exigem uma negociação sobre o movimento paredista frente as mais de 100 mil vidas perdidas para a Covid
Publicado: 21 Maio, 2021 - 18h05
Escrito por: Cecília Figueiredo e Pedro Canfora, do Sindsep
Mais de 200 trabalhadoras e trabalhadores da rede municipal de São Paulo realizaram um protesto nesta quinta-feira (20/5), quando a Greve pela Vida atinge 100 dias de paralisação, para pressionar o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o secretário de Educação, Fernando Padula, uma negociação sobre a greve frente as mais de 100 mil vidas perdidas para a Covid em São Paulo.
Iniciado às 10h, em frente a Prefeitura de São Paulo, no Viaduto do Chá, com música, fanfarra de um grupo de professores, pirulitos, cartazes e grande faixas, o protesto pacífico e que seguiu todas as recomendações sanitárias, estampou as reivindicações. Teste do tipo RT-PCR contínuo para profissionais e estudantes, vacinação da comunidade escolar pelo SUS (Sistema Único de Saúde), fornecimento de EPIs, entrega de tablets com internet aos estudantes, contratação de mais profissionais para as escolas, adequação estrutural das unidades escolares, com obras de ventilação e ampliação de banheiros, e retorno das aulas presenciais com segurança sanitária após a queda da curva de contaminação e mortes, conforme orienta a Fiocruz.
A mobilização não minimizou a crítica sobre o governo pelo crescimento de contaminações e mortes na categoria. Em contrapartida ao descaso, uma grande faixa carregada pelos profissionais afirmava: “Há 100 dias salvando vidas”.
“Queremos avançar nas negociações, prefeito! Receba os trabalhadores/as, escute as propostas. A cidade tem condições de avançar num ensino remoto emergencial e a retomada às aulas presenciais seja feita em segurança. O governo estadual já anunciou um calendário de negociação mas muito distante do que é reivindicado”, anunciou João Gabriel Buonavita, vice-presidente do Sindsep.
Marcha com mais de 200 seguiu pelas ruas do centro até a SME exige negociação.
Profissionais de Educação subiram o tom durante a manifestação, que durou cerca de quatro horas. “Respeitem os trabalhadores, prefeito, secretário Padula! Queremos condições seguras para trabalhar nessa situação de pandemia que está há mais de ano. O que estamos pedindo deveria estar sendo oferecido”, ressaltou um professor.
Terceira onda, flexibilização e sem diálogo
Preocupados com os dados sobre a Covid-19 do estado de São Paulo que, conforme reportagem da Folha de SP (19/05), indica uma explosão ainda pior de casos com a chegada de uma terceira onda. Especialistas defendem um pé no freio na nova flexibilização de medidas restritivas do governador João Doria (PSDB), os trabalhadores denunciaram que a Prefeitura de São Paulo se subordina aos donos de escolas particulares e negligência a vida.
Sérgio Antiqueira criticou a falta de diálogo por parte da gestão municipal desde o início da greve, em 10 de fevereiro. “Viemos aqui para dialogar ‘olho no olho’ o que essa gestão não cumpriu até agora. Se estamos há 100 dias em greve, a culpa é dessa gestão , assim como as mortes são responsabilidade dessa gestão. Estamos aqui para fazer um pacto pela vida, para defender a vida dos trabalhadores, das crianças, dos familiares”, afirmou o presidente do Sindsep, Sérgio Antiqueira.
Diferente de paralisações anteriores, os dirigentes lembraram que a greve da Educação não tem caráter corporativo. “Chega de pressão sobre os trabalhadores da Educação, de assediar gestores das escolas, de cortar ponto. Nós queremos salvar vidas e nos sentimos orgulhosos de ter poupado muitas vidas nesses 100 dias”, frisou Maciel Nascimento, secretário de Formação dos Trabalhadores da Educação do Sindsep.
Indignado, Maciel Nascimento disse que é impossível suspender a greve para negociar, em referência ao que o governo teria indicado numa das poucas reuniões realizadas desde o início da greve com os representantes sindicais da categoria. “Se negocia durante o processo de mobilização da greve", completou Nascimento. O dirigente também criticou o corte de ponto dos trabalhadores em greve, que além de ferir o direito constitucional à greve, ganha maior gravidade na crise sanitária enfrentada.
Testagem em massa contínua de trabalhadores e comunidade, vacinação de todos/as e condições de trabalho
No trajeto de aproximadamente 10 quilômetros, entre a Prefeitura de São Paulo e a Secretaria Municipal de Educação, os grevistas seguiram em marcha dialogando com a população. Próximo da Vergueiro, uma rápida parada foi feita em frente ao Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM). Flávia Anunciação, dirigente do Sindsep, pediu uma salva de palmas aos trabalhadores/as do HSPM, hospital ameaçado de terceirização, seguido de um minuto de silêncio em homenagem aos trabalhadores mortos pela Covid e incompreensão do governo Nunes.
Em frente à Secretaria Municipal de Educação, trabalhadoras dos comandos de greve de todas as regiões de São Paulo reafirmaram a continuidade da greve e anteciparam novas mobilizações até o final do mês.
Marcha chega em frente à sede da Secretaria de Educação, onde seguiu o protesto.
“Caminhamos muito, mas assim é que a luta, no chão. Caminhamos por aqueles que tombaram pela irresponsabilidade e incompetência de governos que não dialogam e ainda vão para seu canal oficial de comunicação dizer que já foram realizadas 17 reuniões", criticou Nascimento, referindo-se à nota da SME encaminhada ao telejornal SPTV 1, alegando que houve 17 reuniões com as entidades, quando na verdade não passaram de quatro (leia nota do Sindsep) e a participação em duas mesas técnicas.
Entidades pedem audiência urgente
O Sindsep e demais entidades representantes das/os trabalhadoras/es da Educação também encaminharam esta tarde ofício (16/2021) ao prefeito Ricardo Nunes pedindo o agendamento urgente de reunião com o Forum das Entidades.
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