Escrito por: Fetram/SC
Em defesa da vida, entidade rejeita retorno das aulas presenciais antes da vacinação
Considerando que a pandemia da Covid-19 é uma infeliz realidade que ceifou mais de 224 mil brasileiros/as, sendo 6.340 (até 31/01/2021) em Santa Catarina;
Considerando que o Brasil tem sido apontado em estudos internacionais como o país que tem o pior desempenho no combate da pandemia e responde pelo segundo maior número de mortes - com menos de 3% da população mundial responde por 10% das mortes;
Considerando que após 10 meses de pandemia, o número de contaminados com o vírus ativo, a taxa de transmissão (Rt), o número diário de mortes e os índices de ocupação hospitalar (enfermarias e UTIs) apresentam uma forte elevação no início desse ano;
Considerando que os estudos científicos já identificaram que o ambiente escolar se constitui em espaço privilegiado para a proliferação do vírus, portanto, o retorno precipitado das aulas presenciais é um grave risco para o aumento da contaminação e circulação do vírus colocando em risco a vida de toda população e também o desempenho da economia que é altamente impactada pelo mapa de risco da pandemia – quando mais alto o índice de contaminação e mais longo o período da pandemia, mais doentes, mais mortes e mais prejuízos econômicos – controlar a pandemia é uma necessidade em defesa da vida e da economia – nesse momento, é o controle ou descontrole da pandemia que cadencia a vida e a economia – Manaus é o (mau) exemplo – retornou com as aulas presenciais, relaxou no distanciamento social e caminhou para o caos sanitário, social e econômico.
Considerando que a solução colocada de retorno das aulas presenciais de forma “híbrida” é uma solução pouco inteligente, porque só resolve 50% do problema da ausência das aulas presenciais (os alunos continuarão 50% do tempo em casa), e, com a aglomeração no espaço escolar e seus “encontros cruzados” agrava a pandemia em termos de contaminados, doentes, ocupação hospitalar, mortes e extensão da pandemia no tempo devido a manutenção de um nível alto de circulação do vírus - o retorno precipitado das aulas presenciais pode vir a ser uma “tragédia anunciada”;
Considerando que ao longo da pandemia o Presidente da República e muitos governantes demonstraram pouca prioridade no combate da pandemia, o despreparo do Ministro e a inoperância do Ministério da Saúde, e que esse combate pode ser melhorado com ações mais assertivas dos governos, fundamentadas nas ciências e no bem-estar social coletivo;
Considerando (apesar do atraso e lentidão) o início da vacinação da população brasileira, que pode ser acelerada se os governos derem a devida prioridade para essa ação que é indispensável para o controle da pandemia;
O Conselho Diretor da Federação dos Trabalhadores Municipais de Santa Catarina, reunido de forma online no dia 30 de janeiro de 2021, aprova o seguinte manifesto e movimento:
1. Pelo combate e controle da pandemia - para recuperar a vida e a economia.
2. Retorno das aulas presenciais só após a vacinação e imunização de pelo menos toda a população dos grupos de risco (idosos acima de 60 anos e pessoas com menos de 60 anos portadoras de comorbidades) e os/as trabalhadores/as da educação.
3. Construir com os trabalhadores da educação e a comunidade escolar a organização do calendário escolar de 2021, iniciando o ano letivo na forma já utilizada ao longo de 2020 e retorno das aulas presenciais quando a pandemia estiver controlada, após a vacinação que trata o item 2 e uma redução significativa na circulação do vírus e da taxa de transmissão (Rt), ou seja, quando tivermos condições mais seguras à volta do encontro social e aglomeração no espaço escolar, sem o risco de perder o controle da pandemia.