Escrito por: Rafael Silva e Vanessa Ramos/CUTSP
Em passagem pelo Brasil, integrantes da CGIL participam de ato dos municipais, que estão paralisados contra a reforma da Previdência de Bruno Covas (PSDB).
A greve dos trabalhadores e das trabalhadoras do serviço público de São Paulo ganhou o apoio da maior central sindical italiana, a Confederação Geral Italiana do Trabalho (CGIL). Os dirigentes da confederação foram a assembleia realizada pelos municipais na tarde de terça-feira (26), em frente à Prefeitura paulistana, se solidarizar com os brasileiros que estão lutando por seus direitos.
Horas antes, eles estiveram presentes na atividade dos trabalhadores da Ford, em São Bernardo do Campo, no ABC, contra o fechamento da empresa e a manutenção dos empregos.
“Trago a saudação e a solidariedade dos servidores públicos italianos. Achamos importante defender o trabalhador público, principalmente quando querem cortar os seus salários, que já são baixos e ainda enfrentam pouco reconhecimento. E me enche o coração ver muitos de vocês aqui presentes, pois essa luta não é somente para vocês, mas para o país. É importante para o movimento sindical internacional”, disse aos grevistas a Secretária-Geral da CGIL Lombardia, Ellena Lattuada.
A dirigente adiantou, ainda, que levará para a Europa a ideia de construção de uma rede internacional de apoio à luta dos trabalhadores públicos paulistas. “Estamos com vocês até o final e também estamos convencidos de que vencerão essa luta. E para mostrar nossa unidade, vou levar essa luta para a Itália e os demais países da Europa para construir uma rede de solidariedade”.
O presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep), Sergio Antiqueira, reconheceu a importância desta articulação internacional. “O calor italiano foi recebido com muito contentamento neste 24º dia de greve em que estamos. Enfrentamos neste momento um governo truculento e esta solidariedade nos dá ânimo. Covas hoje se mostra pior do que Doria”, garante.
O funcionalismo municipal exige a revogação da Lei 17020/18, aprovada em dezembro do ano passado. A nova lei, articulada e sancionada pelo prefeito Bruno Covas (PSDB), a alíquota de contribuição descontada no contracheque dos servidores passou de 11% para 14%. Além disso, foi instituída a previdência complementar, conhecido como Sampaprev, um plano de previdência individual parecido com o modelo capitalização privado, quando o trabalhador é responsável por fazer sua poupança para a sua aposentadoria.
Desde o início das tratativas do projeto, os trabalhadores têm demonstrado força na luta, organizada pelos sindicatos CUTistas, como Sindsep-SP, Sinpeem, Simesp, e pelas demais entidades do funcionalismo. Ainda, tem recebido apoio de inúmeros movimentos sociais.
Presidente da CUT-SP, Douglas Izzo tem participado das ações dos servidores e comemora o apoio dos trabalhadores italianos. “Essa rede de solidariedade é importante, pois amplifica a luta dos servidores. Infelizmente sabemos que os ataques aos direitos ocorrem em diversos lugares do mundo, então é cada vez mais necessário mostramos unidade da classe trabalhadora para barrar esses desmontes”.
Nesta quinta (28), os servidores farão nova assembleia, às 15h, em frente à Prefeitura de São Paulo. Eles seguem a luta contra as medidas de Bruno Covas e também pelo pagamento dos dias de greve.
Intercâmbio
Nesta semana, os representantes da CGIL estão em São Paulo para uma série de atividades com a CUT-SP. As duas entidades sindicais mantém um convênio de troca de experiências que auxiliam nas ações em defesa de direitos dos trabalhadores nos dois países. Os dirigentes italianos também tiveram a oportunidade de participar de outros debates com sindicatos filiados à Central e conhecer a Escola Nacional Florestan Fernandes, do MST, na cidade de Guararema-SP.
E, além de acompanharem a luta das categorias do setor público e privado, também participam do seminário internacional ocorrido na terça (26) e quarta (27), em parceira com a CUT-SP.