Escrito por: Manoel Ramires
Paralisação no dia 8 de março adere a lutas mundiais contra retrocessos
GUARAPUAVA | O dia 8 de março de 2017 entrará para a história com uma paralisação mundial das mulheres. Com o lema “Se nossas vidas não importam, que produzam sem nós”, se busca denunciar a retirada de direitos em escalada mundial e reforçar as lutas principalmente contra o machismo e a violência contra as mulheres.
No Brasil, o destaque do movimento é contra as reformas da previdência e trabalhista que o governo não eleito de Michel Temer (PMDB) tenta aprovar. Se as mudanças foram aprovadas, as principais afetadas são justamente as mulheres, que têm jornada dupla entre casa e trabalho. Uma medida prevê, por exemplo, mesmo tempo de trabalho entre homens e mulheres.
A manifestação organizada mundialmente pelo 8M Paro e no Brasil pelo 8M Brasil tem convocado a greve internacional das mulheres. De acordo com o movimento brasileiro, apesar de as mulheres serem a metade da população mundial, elas são desvalorizadas pela “degradação humana imposta pelo capitalismo, a subordinação esperada pelo patriarcado e a violência perpetrada pelo machismo”, afirma a página oficial do evento.
Por isso, contra a cultura do estupro e a lógica da exploração, nasce o movimento mundial de paralisação. “As mulheres do mundo se unem e se insurgem contra todas as formas de violência impostas a nós, em todos os momentos de nossas vidas, em qualquer lugar do planeta, sob quaisquer governos”, define o movimento.
Manifestações no Paraná
Em Guarapuava, no interior do Paraná, as manifestações estão sendo organizadas pelo Sindicato dos Servidores, Funcionários Públicos e Professores Municipais de Guarapuava (SISPPMUG) e pela Central Única dos Trabalhadores (CUT-PR).
Serão duas ações no dia 8 de março, data da paralisação mundial, e no dia 12 de março, um domingo. Durante a semana, o evento ocorrerá na Praça 9 de dezembro, a partir das 16 horas. No fim de semana, ocorre a “Pedalada pelo fim da violência contra as mulheres”. A concentração a partir das 9 horas, na Praça Cleve.
A programação em Guarapuava tem como mote central o fim da violência contra mulheres, pessoas trans, travestis, lésbicas e homossexuais, contra a cultura do estupro, pelo reconhecimento do trabalho doméstico, igualdade de salários e contra as reformas da previdência e trabalhista.
Para a Rafaela Mezzomo, secretária geral do sindicato de Guarapuava, a cidade conta com a grande maioria de mulheres trabalhando nas secretarias de educação, saúde e assistência social. No entanto, “nós não somos valorizadas no ambiente publico e sobrecarregadas no ambiente privado”, aponta.
Reforma prejudica mulheres
A reforma da previdência, aliás, é um dos temas mais polêmicos que devem ser combatidos no dia 8 de março. O relator da reforma, Arthur Maia (PPS-BA), defende que só as mulheres casadas devem ter direito a aposentadoria antecipada.
“A mulher que é solteira, por que ela vai ter uma diferença em relação ao homem?”, argumentou. A proposta enviada pelo Palácio do Planalto prevê idade mínima de 65 anos para ambos os sexos e 25 anos de contribuição para a Previdência. Hoje não há limite de idade para homens que completam 35 anos de contribuição ao INSS e mulheres que alcançam 30 anos de vida contributiva.
Essa proposta é um dos motivos para a manifestação, como conta Rafaela Mezzomo: “Querem nos igualar da maneira errada, pela idade, mas ainda temos jornada dupla e até tripla. Não tem creches suficientes e quando tem, os horários não batem com os trabalhos das mulheres e mães”, protesta.