Escrito por: AFP
A paralisação de 24 horas, que afeta aeroportos, transporte público, bancos e escolas, exige mudança do modelo econômico adotado pelo presidente
O presidente argentino, Mauricio Macri, enfrenta nesta quinta-feira (6) a primeira greve geral desde que assumiu o poder, há 16 meses, declarada por três centrais de trabalhadores. As organizações sindicais exigem a mudança do modelo econômico do atual governo.
A paralisação de 24 horas coincide com a celebração, em Buenos Aires, do primeiro Fórum Econômico Mundial dedicado à América Latina (WEF AmLat), que reúne políticos, banqueiros e empresários no bairro de Puerto Madero, sob severas medidas de segurança.
Houve queda representativa no tráfego de veículos a partir da meia-noite (hora local), na Grande Buenos Aires, com relação aos dias normais de trabalho.
Poucos veículos de transporte público estão funcionando, praticamente somente os táxis estão circulando pelas ruas da capital argentina.
Também diminuiu o trafego de caminhões que circulam à noite pelas avenidas Huergo e Madeiro, que ligam os principais setores portuários de Buenos Aires.
A companhia aérea Aerolíneas Argentinas cancelou seus voos nacionais e internacionais, que sairiam dos aeroportos de Ezeiza e Aeroparque, por conta da greve, que foi aderida pela Associação do Pessoal Técnico Aeronáutico (APTA) e a Associação do Pessoal Aeronáutico (APA).
O governo de Buenos Aires decretou a gratuidade dos pedágios das estradas e dos estacionamentos públicos durante o dia de greve, a fim de incentivar os trabalhadores a comparecerem em seus postos de trabalho em seus próprios veículos.
Além de afetar as operações nos aeroportos, transporte público e indústria, a greve deve paralisar bancos e escolas.
Organizações sociais e grupos de esquerda prometem fechar os acessos a Buenos Aires e realizar diversas passeatas até o centro da cidade.
Crise econômica
A Argentina, cuja economia recuou 2,3% no primeiro ano do governo Macri, experimentou em janeiro uma leve recuperação, mas a pobreza já atinge 32,9% da população e a produção industrial segue há 13 meses em queda.
A inflação, que segundo analistas chegou a 40% em 2016, evaporou o poder aquisitivo e o consumo interno segue caindo há 13 meses.
Estimativas situam a inflação para 2017 em 21%, enquanto o governo insiste que será de 17% e busca impor seu índice aos reajustes salariais, enquanto os sindicatos exigem uma recomposição em negociações livres com as empresas.
Edição Déborah Lima