Escrito por: Confetam
Municipais reforçaram o protesto contra o desmonte de direitos da classe trabalhadora, que reuniu 15 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios
"Agora que conseguimos derrubar o Cunha, a próxima tarefa é derrubar o Temer". A fala, feita do alto do carro de som pelos organizadores da Marcha Unificada dos Servidores Públicos, reverberou pelas avenidas de Brasília, na manhã de hoje, sinalizando para o presidente ilegítimo Michel Temer, deputados e senadores que os servidores públicos municipais, estaduais e federais não darão trégua ao governo e ao parlamento golpistas.
O protesto contra a retirada de direitos - prevista nas propostas de ajuste fiscal, de desmonte do serviço público, de terceirização sem limites, de entrega do pré-sal às multinacionais, de reforma da Previdência, de cerceamento à liberdade de expressão dos professores e em mais de 50 projetos nefastos à classe trabalhadora -, iniciou por volta das 11h30. Sob um sol escaldante, cerca de 15 mil trabalhadores sairam do Acampamento dos Servidores Públicos, montado em frente ao Museu Nacional, em direção ao Congresso Nacional.
Novas eleições e greve geral
No trajeto pela Esplanada dos Ministérios as palavras de ordem puxadas pelos manifestantes resumiram a próxima etapa da luta contra o golpe, após a cassação do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha: "Nenhum passo atrás. É fora Temer e eleições gerais". "Nenhum direito a menos. Rumo à greve geral", gritavam os manifestantes.
Servidores públicos de todo o Brasil e profissionais de diversas categorias, apoiados por entidades dos movimentos sindical e popular, mandaram juntos um recado a Temer e aos parlamentares. "Esta marcha de hoje é só um aviso. Da próxima vez, não vamos ficar aqui fora não. Vamos passar por cima e ocupar o Congresso Nacional", afirmou o coordenador do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST), Guilherme Boulos.
Ele fez questão de ir pessoalmente à marcha para levar a total solidariedade e apoio do MTST dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e do Distrito Federal aos servidores públicos. "Viemos engrossar essa marcha porque a nossa luta é a mesma", afirmou, citando o PLP 257, a PEC 241, as reformas trabalhista, previdenciária e toda a pauta de retrocessos imposta à classe trabalhadora pelo governo ilegítimo.
Retrocesso de 100 anos
"Eles querem destruir os investimentos sociais previstos na Consttuição. Querem que os trabalhadores se aposentem dentro do caixão e que trabalhem 12 horas por dia, um retrocesso de 100 anos", criticou o coordenador do MTST.
A manifestação integra o programa da Jornada de Lutas em Defesa da Democracia, dos Direitos e Contra o Retrocesso, iniciada ontem, prosseguindo até amanhã, quando os servidores levantarão acampamento e retornarão aos seus estados de origem.
Comandados pela presidente da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal (Confetam/CUT), Vilani Olivira, servidores municipais de nove estados - Bahia, São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Goiás e Ceará -, reforçaram os protestos.
Não votaremos em golpistas
Durante a marcha, Vilani Oliveira subiu no carro de som e destacou em sua fala a importância de os trabalhadores escolherem bem os candidatos nas eleições municipais de 2 de outubro. "Não votaremos em candidatos golpistas. Temos de eleger vereadores e prefeitos comprometidos com a defesa dos trabalhadores", alertou. Parte dos atuais integrantes da Câmara e do Senado, entre eles os que votaram a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff, disputam as prefeituras de seus estados.
O ato deveria ter sido finalizado no gramado do Congresso, onde os manifestantes acompanharam as falas das lideranças partidárias, parlamentares progressistas e representantes dos movimentos. Mas após o encerramento dos discursos, a despeito do cansaço que tomava conta de todos, os trabalhadores se mantiveram firmes e decidiram, em votação, continuar a marcha até o Ministério da Fazenda, onde o protesto foi encerrado por volta das 13 horas.