Médicos concursados recebem até 50% menos do que terceirizados
O teste seletivo da Fundação de Saúde de Curitiba (Feaes) para contratação de médicos, prorrogado para o dia 15 de junho, expõe contradições para a Prefeitura Municipal.
Publicado: 13 Junho, 2012 - 00h00

Os valores pagos aos futuros terceirizados é 50% maior do que é pago aos médicos concursados. De acordo com o edital da Fundação, para as 290 vagas de médicos generalistas e pediatras será pago R$ 45, no mínimo, por hora de trabalho, mais o descanso semanal remunerado. Já o médico concursado da Prefeitura, em início de carreira, ganha de salário-base o equivalente a R$ 22,48 a hora.
A discrepância de valores pagos aos profissionais revela um erro estratégico da administração. Um dos argumentos da Prefeitura para defender a terceirização dos profissionais dos centros de urgência e emergência médica e do Samu era de que havia escassez de profissionais no mercado de trabalho. O salário mais alto seria um importante incentivo para atrai-los e a facilidade de contratação estaria entre os principais argumentos em defesa da terceirização. Apesar disso, a Fundação foi obrigada a chamar um novo teste seletivo e prorrogar as inscrições para preenchimento de vagas em menos de cinco meses. No final das contas, o processo tem se revelado mais moroso do que se a Prefeitura tivesse realizado o concurso público.
Para a secretária de assuntos jurídicos do Sismuc Irene Rodrigues, este pode ser um indício de que o médico está mais preocupado com a carreira e com as condições de trabalho do que necessariamente com salário. “A terceirização não se justifica. É inadmissível pessoas com a mesma profissão e diferenças de salário, trabalhando em uma mesma instituição”, ressalta.
Além das diferenças salariais, é preciso considerar também o aumento do gasto público com a terceirização. O diretor do Sismuc Diogo Monteiro questiona a medida e alerta sobre os riscos da qualidade no atendimento. “Infelizmente, a Prefeitura não valoriza os servidores e não contrata quem poderia ter um compromisso com a população. Prova de que a terceirização é ruim, foi a recente falta de médicos em cmum’s, que afetou diretamente a população”.
Ao contrário dos cmum’s, nas unidades de saúde municipal, onde os profissionais são todos servidores de carreira, a falta de médicos ocorre muito raramente.
Apesar dos argumentos do sindicato, a terceirização de serviços na saúde deve ser ampliada pela atual gestão. Segundo matéria publicada na página da Prefeitura, “com o processo seletivo simplificado, a Fundação Estatal de Atenção em Saúde de Curitiba (Feaes), que faz parte da administração indireta do município, pretende suprir a rede de atendimento de urgências médicas com profissionais em número suficiente para cobrir de um mínimo de 60 até 180 horas mensais de trabalho de clínicos e de pediatras. Isso significa que poderão ser contratados até 300 clínicos e 100 pediatras”.
Fonte: SISMUC