Municipais fortalecem a luta das mulheres de Aracaju contra ataques do governo Bolsonaro
As frases 'Mulheres em luta por aposentadoria' e 'Lula livre’ estavam entre os cartazes segurados pelas dirigentes sindicais.
Publicado: 08 Março, 2019 - 18h03
Escrito por: Iracema Corso
Um cenário nacional de banalização da violência contra a mulher, amparado na impunidade, cultura machista e misógina, faz do Brasil o 5º país no mundo que mais mata mulheres. Para denunciar este fato alarmante e combater o ódio contra a mulher e o descaso que perpetuam esta realidade, o movimento organizado de mulheres, lideranças sindicais e do movimento social ocuparam as ruas de Aracaju na manhã desta sexta-feira, dia 8 de março de 2019.
Desde as 6h da manhã, a marcha das mulheres saiu do Posto de Saúde do Japãozinho até a porta da Empresa Almaviva, cobrando políticas públicas para mulheres, igualdade salarial e denunciando a exploração do trabalho feminino. O movimento percorreu a região dos Mercados Municipais rumo à Assembleia Legislativa de Sergipe, onde uma Carta de Reivindicação foi entregue ao deputado estadual Iran Barbosa (PT) em nome dos demais parlamentares.
A Carta de Reivindicações escrita coletivamente também foi entregue ao Tribunal de Justiça e ainda será entregue ao governador Belivaldo Chagas e ao Ministério Público Estadual. Entre as reivindicações, destaque para a garantia do funcionamento 24h da Delegacia de Atendimento a Grupos Vulneráveis e implantação em todas cidades pólos dos territórios sergipanos; garantia de Programa de Geração de Emprego e Renda exclusivo para as mulheres desempregadas sergipanas, com igualdade de remuneração em relação aos homens; criação de campanhas permanentes e de um programa educativo para combate e prevenção de práticas de machismo nas escolas e unidades de saúde; efetivação do programa de atendimento especializado, no SUS, para as mulheres, a população negra, LGBT e indígenas.
A presidente do SINTESE (Professores), sindicato filiado à Central Única dos Trabalhadores (CUT/SE), Ivonete Cruz, registrou a beleza do ato unificado construído pelas mulheres. “Parabéns pela organização e ampla participação, estão aqui mulheres do campo, mulheres trabalhadoras, mulheres que sabem o que é a luta cotidiana para alimentar seus filhos! E não é essa reforma que vai acabar com a nossa aposentadoria. Nós não iremos deixar que acabem com nossas conquistas. Bolsonaro não representa a classe trabalhadora, não representa as mulheres que lutam por um Brasil melhor”, enfatizou em frente ao Rio Sergipe.
Centenas de placas com o nome da vereadora Marielle quebraram o silêncio ante a impunidade do crime político, às vésperas das eleições presidenciais. Cartazes denunciando a prisão política de Lula anunciavam que o governo do retrocesso só chegou ao poder em eleições ilegítimas.
Servidoras municipais na luta
Secretária de Políticas Sociais da CUT/SE e presidente da FETAM/SE, Itanamara Guedes representou as trabalhadoras do serviço público municipal. “Hoje é o dia das mulheres que resistem e sonham. Por isso no dia 8 de março nós saímos às ruas para dizer que é a coragem das mulheres brasileiras que vai derrotar o governo Bolsonaro, vamos clamar por justiça, por direitos, pela retomada do emprego, pela aposentadoria das mulheres e dos trabalhadores que ele quer acabar. Não queremos continuar no mapa da fome. Hoje, no Brasil, temos 3 milhões de pessoas no mapa da fome. Um legado do governo golpista de Temer e que Bolsonaro aprofunda. Por tudo isso, nós marchamos. Aqui é a revolução das mulheres. No dia 22 vamos somar nossa força com toda a classe trabalhadora para derrotar a reforma da previdência de Bolsonaro, o machismo, a gana pelo assassinato racista da nossa juventude”.
O deputado federal, João Daniel acompanhou parte da marcha ao lado de trabalhadoras rurais. O protesto prosseguiu até o prédio do INSS. Em frente ao prédio público, o Movimento de Mulheres Marisqueiras de Estância falou sobre os acidentes de trabalho, as dificuldades de serem reconhecidas pelos médicos legistas do INSS, referente ao seu esforço pela sobrevivência e danos causados à saúde, desconsiderados pela perícia.
O ato pelo dia 08 de março em Sergipe foi uma construção coletiva dos seguintes movimentos sociais, partidos e sindicatos: SINTELL, Sindiserve Glória, Sindacsei, CSP-CONLUTAS, CTB, CUT, SINASEFE, SINDIFISCO, SINDIJUS, SINDIMARKETING, SINDIMINA, SINDIPEMA, SINDIPETRO, SINDISCOSE, SINDUSCOM, SINTESE, SINDASSE, SINTUFS, SENGE, ADUFS, ANDES, SEEB/SE, SEESE, MTST, MST, Resistência, RUA, AMOSERTRANS, Frente Brasil Popular, FETAM, FETASE, FPSM – Frente Povo Sem Medo, MML – Movimento Mulheres de Luta, MMM – Marcha Mundial das Mulheres, MMTR – Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais, MNU – Movimento Negro Unificado, MPA – Movimento dos Pequenos Agricultores, ASA Sergipe, UBM, Auto Organização de Mulheres Negras Rejane Maria, Coletivo Afronte, Coletivo "Ana Montenegro", Coletivo de Mulheres de Aracaju, Coletivo Olga Benário, Coletivo Quilombo Sergipe - Núcleo Beatriz Nascimento, Coletivo Mulheres Livres, Movimento de Mulheres Camponesas, Movimento das Marisqueiras, Movimento das Catadoras de Mangaba, Movimento Quilombola, EDUCAMPO-SE, Marcha Mundial das Mulheres, Fórum de Mulheres Glorienses, Mulheres do Erukerê, PSOL, PSTU, PT, Sec. de mulheres JPT, Mandato dep. estadual Iran Barbosa, Mandato dep. federal João Daniel e ativistas feministas.