Escrito por: Déborah Lima
No centenário da primeira greve geral do país, os servidores municipais fortaleceram a paralisação nacional contra as reformas de Temer, ganharam o apoio da população e até de alguns prefeitos
Considerada a maior greve geral da história do sindicalismo brasileiro, as paralisações nacionais do dia 28 de abril contra as reformas trabalhista e previdenciária do governo do presidente ilegítimo Michel Temer se espalharam por 25 estados e Distrito Federal, reunindo cerca de 35 milhões de pessoas nas ruas de todo o Brasil.
Com o apoio explícito da sociedade, os servidores públicos municipais deram corpo aos protestos nacionais, que se espraiaram como rastilho de pólvora pelas principais Capitais e pelo Interior do país, numa clara demonstração da insatisfação do povo brasileiro contra as reformas de Temer, que carrega nas costas um pífio índice de aprovação popular de 4%.
À frente de um governo que mergulhou 14,2 milhões de trabalhadores no drama do desemprego, Temer enfrenta agora não só a pressão dos sindicatos, mas principalmente do povo brasileiro, que parece ter acordado para os reais motivos do golpe parlamentar, travestido de impeachment, que depôs a presidente Dilma Rousseff.
Municipais dão exemplo de mobilização
A paralisação nacional do dia 28 de abril, que marcou o centenário da primeira greve geral do país, deixou claro que os brasileiros não assistirão passivamente o desenrolar do conluio dos Três Poderes - Executivo, Legislativo e Judiciário -, para entregar o patrimônio nacional ao grande capital e acabar com os direitos sociais, trabalhistas e previdenciários.
Prova disso foi o sucesso dos atos construídos pelos servidores públicos municipais nas cinco Regiões do Brasil. Para se ter uma ideia do poder de mobilização da categoria, basta dizer que só em três estados do Nordeste - CE, RN e MA -, os municipais protagonizaram paralisações em 222 municípios, sendo 84 no Rio Grande do Norte, 74 no Ceará e 64 no Maranhão.
Até os prefeitos, que tradicionalmente são os principais adversários da categoria, ajudaram a fortalecer a greve geral nos municípios decretando ponto facultativo no dia 28 de abril. Foi o caso de 55 prefeituras do Estado do Ceará.
Adversários históricos se unem pelo sucesso da greve
"A postura desses prefeitos foi uma grande surpresa para nós. Eles entenderam a grandeza do movimento, a dimensão da insatisfação popular com as reformas do governo golpista e resolveram se antecipar aos grevistas liberando o ponto dos trabalhadores", afirmou a presidente da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal (Confetam/CUT), Vilani Oliveira.
Ela destacou, no entanto, que nem todos os gestores tiveram a mesma visão, como o prefeito de São Paulo, João Dória Júnior (PSDB). Não satisfeito em ameaçar descontar o dia de greve dos salários dos trabalhadores, Dória ainda fez acordos com aplicativos de transporte de passageiros, como o Uber, para levar até os locais de trabalho servidores fura-greves.
"As ameaças do tucano não surtiram efeito. Pelo contrário. Os servidores não se intimidaram e, articulados pelo Sindsep e pela Fetam, participaram de pelos menos dez atos espalhados por toda a metrópole de São Paulo no dia da greve gera, um deles realizado em frente ao gabinete do prefeito", afirmou a presidente da Confetam/CUT.