Escrito por: Thiago Marinho

Pesquisa: um em cada quatro brasileiros convivem com a fome

Entre as pessoas com renda familiar de até dois salários mínimos, 38% dizem não ter comida suficiente em casa para suas famílias.

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Mais pobres são os mais afetados pela insegurança alimentar.

Divulgada ontem (27/06), a pesquisa Datafolha detalha a crise humanitária provocada pela volta da fome no Brasil. O estudo revela que 26% dos brasileiros afirmam não ter comida suficiente para alimentar seus familiares. No levantamento anterior do instituto, divulgado em março, 24% disseram não ter comida suficiente em casa. O Datafolha ouviu 2.556 brasileiros em 181 cidades, nos dias 22 e 23 de junho.

A variação ainda está dentro da margem de erro da pesquisa, de 2% para mais ou para menos. Mas também pode significar aprofundamento da crise humanitária, ante a inflação, a queda de renda da população e o desemprego.

Segundo a pesquisa, apenas 62% dos brasileiros afirmam ter comida suficiente, enquanto outros 12% disseram que em suas casas sobra comida. Esses percentuais se mantêm praticamente inalterados desde o início dos levantamentos, em maio de 2021.

A pesquisa confirma que os mais afetados pela falta de alimentos são os mais pobres. Entre as pessoas com renda familiar de até dois salários mínimos (R$ 2.424), 38% dizem não ter comida suficiente. Na faixa dos que recebem entre dois e cinco salários mínimos (R$ 6.060), esse percentual é de 14%. Por outro lado, a falta de alimentos é realidade para somente 4% entre os que recebem até dez salários mínimos (R$ 12.120).

A falta de comida atinge com mais força as populações da região Nordeste, onde 32% dizem ter menos comida do que o suficiente, e Norte (30%). Na região Sul esse percentual cai para 24%, mesmo índice registrado no Centro-Oeste. E é de 22% na região Sudeste.

Entre os desempregados, 42% disseram não ter o suficiente para se alimentar. O problema afeta 39% das pessoas que disseram ter desistido de buscar trabalho; 38% das donas de casa e 27% dos autônomos.

Segundo o Datafolha, além da alta nos preços, o retorno do emprego com funções precarizadas e de baixa remuneração e o acúmulo de incertezas quanto ao ambiente político e econômico nos próximos meses fazem do custo dos alimentos uma preocupação central dos brasileiros.