Escrito por: Alison Marques

Plenária Nacional das 3 Esferas reforça resistência ao GT da Reforma Administrativa

Mesmo em pleno feriado de Corpus Christi, nesta quinta-feira, dia 19 de junho, mais de 160 servidores e servidoras de todo o país reforçaram a urgência de mobilização diante dos novos ataques que se desenham.

Mesmo em pleno feriado de Corpus Christi, nesta quinta-feira, dia 19 de junho, mais de 160 servidores e servidoras de todo o país participaram da Plenária Nacional das Três Esferas, organizada para debater os impactos do Grupo de Trabalho da Reforma Administrativa, criado recentemente na Câmara dos Deputados, e traçar estratégias conjuntas de resistência. A atividade, realizada virtualmente, reuniu representantes das três esferas do serviço público e das principais entidades nacionais da luta sindical, reforçando a urgência de mobilização diante dos novos ataques que se desenham contra os direitos das servidoras e servidores.

A abertura da plenária foi feita por Sérgio Ronaldo, secretário-geral da Condsef/Fenadsef, que deu o tom da atividade ao afirmar: “Que possamos fazer um bom debate, com discussões firmes para enfrentar mais essa tentativa de destruição e retirada dos nossos direitos”. A preocupação com o avanço da pauta neoliberal no Congresso foi consenso entre as falas. Graça Costa, secretária de Organização e Política Sindical da CUT Nacional, destacou o caráter contínuo e articulado dos ataques. “É um assunto complexo. Eles não dormem e nós não podemos dormir. Precisamos ter estratégia e mobilização para que mais direitos não sejam retirados. É uma avalanche de ataques para fazer com que o Estado brasileiro seja privatizado, pejotizado. Resta a nós a luta”, enfatizou.

Essa linha de análise foi aprofundada por Neuriberg Dias, diretor de Documentação do Diap, que alertou para a forte aliança entre o Congresso e o mercado. “Temos um Congresso que está do lado do mercado. Votações têm dificultado o equilíbrio do orçamento e a distribuição de renda. Esse GT tem uma visão de Estado mínimo, como a do deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), relator do grupo. É um movimento claro para atingir o movimento sindical e desmontar o serviço público”, avaliou.

A coordenadora de Administração e Finanças da Fasubra, Márcia Abreu, chamou atenção para o caráter estrutural dos ataques. “Esse ataque nada mais é do que a tentativa de fraudar o povo brasileiro diante de diversas políticas públicas que foram criadas para enfrentar as desigualdades sociais. Não é só um ataque aos servidores. É um ataque que quer acabar com as políticas voltadas para o povo brasileiro. Isso atinge os mais vulneráveis, idosos, pessoas com deficiência... Não tem acordo para isso”, denunciou.

O deputado federal Pedro Uczai (PT-SC) reforçou que a única saída é a mobilização ativa e permanente. “Se contarmos só com o governo, vamos perder. A PEC 66 é ainda pior: limita gastos com precatórios e impõe retrocessos previdenciários. A mobilização precisa se fortalecer. Está prevista a apresentação do relatório preliminar. Precisamos estar lá para mostrar a força do movimento sindical. Movimentem audiências públicas nos seus estados, pressionem os deputados e deputadas. Não tenham dúvidas: a intenção deles é retirar direitos”, afirmou.

Para Fábio Rosas, presidente do Sinagências, é hora de reagir com força e unidade. “Temos que organizar nossas bases. Já sabemos a natureza dessa reforma. Todos nós aqui somos servidores e servidoras, e só temos o caminho da luta. Vamos reunir o que temos. A melhor defesa é o ataque. Vamos tirar essa direita neoliberal da zona de conforto”, destacou.

A presidenta da FENASEPE, Adalgisa Miranda, reforçou que o discurso de austeridade e corte de gastos ignora a realidade do país. “Quem defende corte de gastos e a redução do Estado não conhece a realidade. Atacar o servidor público é reduzir a escola pública, o SUS. Estamos juntos e precisamos fazer uma grande mobilização”, defendeu.

O secretário de Aposentados e Assuntos Previdenciários da CNTE, Sérgio Antônio Kumpfer, alertou para a velocidade dos movimentos do GT. “Eles vão aproveitar esse momento para serem velozes. O relatório que vão apresentar já servirá para fazer chantagem com o governo. A situação não é favorável. Vamos travar uma batalha com a sociedade. Falar em diminuir o Estado é muito fácil. Precisamos defender um Estado mais forte, com políticas públicas e servidores com carreiras bem definidas. Vamos chamar o governo para essa responsabilidade”, disse.

Mônica Carneiro, diretora do Sindsep-DF e da Condsef, relatou a preocupação com a forma como o discurso contra o serviço público está sendo conduzido nas audiências do GT. “Ficou muito claro em todas as audiências a real intenção. O discurso é muito simplista: de que o serviço público não presta. É difícil combater essa narrativa. Precisamos de uma posição mais firme do governo. Eles já propuseram relatório de desempenho com risco de demissão. É muita luta, mas estamos aqui para isso. Vamos barrar a tramitação dessas propostas”, frisou.

Jairo Bolter, presidente da ADUFRGS-Sindical, destacou que a luta precisa ser intensificada já. “Não podemos parar e aceitar. Vamos intensificar essa mobilização nos gabinetes dos parlamentares. Isso vai atingir diretamente a sociedade. Algumas propostas que prejudicam os trabalhadores avançam rapidamente. Já as que beneficiam, caminham devagar. Vamos intensificar a luta”, relatou.

A presidenta da Confetam, Jucélia Vargas, fez um chamado direto à ação. “Vivemos um momento em que o Congresso derruba vetos do presidente Lula e retoma trechos que podem elevar a conta de luz, e muita gente aplaude. Esse grupo de trabalho não está inscrito em lugar nenhum. Devem ter contratado o Flash para apresentar uma proposta em 45 dias. Pedem sugestões das entidades, mas estão fazendo a gente de besta. Não dá tempo para isso. Precisamos nos mobilizar: reuniões, vídeos, redes sociais, cards. Cada estado precisa visitar os deputados um por um. Se não fizermos isso agora, virão a PEC 66, a Reforma Administrativa e tudo o que puderem para prejudicar os servidores e os serviços públicos”, disse.

A plenária encerrou com o compromisso de intensificar a luta nas ruas, nas redes e no Congresso, organizando a resistência em todos os estados e fortalecendo o diálogo com a sociedade. A mensagem unânime foi clara: não haverá trégua diante dos ataques, e o movimento sindical seguirá mobilizado pela defesa do serviço público, dos direitos e da democracia.