Escrito por: Comitê Educacional em Defesa da Vida/PB
Entidades defendem vacinação de profissionais da educação e rechaçam aulas presenciais
O ano de 2021 veio com um sentimento duplo: esperança e apreensão. Esperança pela expectativa da vacina contra a Covid-19, única forma que temos para controlar e combater o vírus que tem afetado drasticamente nossas vidas. Apreensão pelo fato de o governo federal não conseguir apresentar à população agilidade, competência e vontade política para que essa vacinação seja rápida e atinja toda a população.
Desde janeiro, foi noticiado o surgimento de uma nova variante do coronavírus em Manaus, cidade que conta hoje com 76% da população infectada e sofre com grave situação. Segundo especialistas, a nova variante P1 é mais contagiosa e, suspeita-se que pode furar a imunidade natural do corpo humano, adquirida por quem já teve Covid-19. De acordo com a Secretaria de Saúde da Paraíba, o estado já possui casos desta nova variante.
Esta variante já circula pelo país e é associada ao elevado número de contágios e mortes diárias pela Covid-19. As tristes cenas ocorridas em Manaus, com UTIs lotadas e falta de oxigênio, já são vistas em outros estados da Região Norte e serve de alerta para um possível cenário de sucessivos erros: aglomerações, locais sem ventilação, ausência do uso de máscara, falta de rastreio e testagem em massa da população, falta de vacinas para ampla cobertura.
Apesar desta situação e de todos os alertas de especialistas sobre a necessidade de manter as medidas sanitárias, há por parte do Governo da Paraíba a orientação de voltar às atividades presenciais nas escolas públicas sem o devido controle da pandemia e sem a vacinação da população, em especial dos profissionais da educação. É motivo de preocupação o recente decreto do governador João Azevedo autorizando o retorno de aulas presenciais, sem consultar os trabalhadores e trabalhadoras da educação.
Tal medida é anunciada logo após a Secretaria de Saúde da Paraíba tornar público o resultado do inquérito sorológico, que diz que a maior prevalência do vírus está entre a faixa etária de 0-11 anos, com 16,40%, seguido da faixa etária de 50-59 anos, com 10,5%. Este dado corrobora com alegações de especialistas que as crianças têm sido um vetor potencial do vírus, já que, em geral, não apresentam sintomas.
Os resultados deste estudo apontam que apenas 10% dos paraibanos entraram em contato com o vírus, o que nos revela que, até então, as medidas adotadas pelo Governo do Estado ajudaram a conter o número de contaminados. Por que então colocar profissionais da educação e toda a população em risco agora? Querem nos usar como cobaias? Logo no momento em que estamos mais próximos da vacinação.
Infelizmente, a realidade de infraestrutura nas escolas públicas do estado e dos municípios da Paraíba não garante condições de segurança sanitária. Há escolas que passam dias sem água potável, salas de aula com pouca ou nenhuma ventilação, só para citar alguns problemas. Nas grandes cidades os transportes públicos estão superlotados e são o principal meio utilizado por estudantes e profissionais da educação. As escolas são, por essência, um local de aglomeração. A própria pesquisa do Governo do Estado aponta um mínimo de 330 interações por dia em apenas uma turma.
A educação em tempos de pandemia também foi tratada com descaso, sem políticas públicas de inclusão digital que garantissem o acesso ao ensino não presencial. Essa situação é motivo de preocupação por parte dos trabalhadores e trabalhadoras da educação, que sabem da importância das escolas como espaços de socialização e desenvolvimento pedagógico de nossas crianças, adolescentes e adultos. Ao longo da pandemia, todos os educadores e educadoras se reinventaram, estudaram, criaram conteúdos pedagógicos e tiraram parte de seus salários para aquisição mínima de tecnologias e internet para, assim, terem uma boa interação com os estudantes e minimizarem as perdas.
Diante disso, as entidades sindicais subscritas reivindicam que os trabalhadores em educação só retornem às atividades presenciais, após a vacinação.
Continuaremos trabalhando de forma remota, pois sabemos da importância da interação com nossos estudantes, apesar das dificuldades encontradas. Estamos ansiosos para retornarmos às salas de aula – nosso principal local de encontro. Entretanto, temos responsabilidade com a vida do povo paraibano e sabemos que, se isso for feito agora, sem vacina, corremos o risco de haver um desastre na saúde pública da Paraíba e de termos mais mortes no nosso estado.
Em defesa da vida do povo paraibano!
Volta às aulas presenciais só com a vacinação dos profissionais da educação!
Assina: COMITÊ EDUCACIONAL EM DEFESA DA VIDA, composto pela CONFETAM/CUT, SINTEP-PB, CNTE, CUT-PB, SINTRAMB, SINTEM-JP, SINTAB, SINDSERJ, Sind. Mun. Sertãozinho, SSPMRC, SINTRAMS, Sind. Mun. Salgado de São Félix, SINSEJA, SIMPUMMA, SINSPMI, SINTEMI, SINDMAR, SINSERCAP, SINSEMBAIA, SINPUC, SINSERMAM, SINFUMC, SINTEEMP, Sind. Mun. de Lucena, Sind. Mun. de Araruna, SINTRAMS, SINSPM, Sind. Mun. de Itaporanga, SINFESA, SINTRAMU e Sind. Mun. Nazarezinho.