Escrito por: Nathan Gomes
Dois anos da tentativa de golpe: mais de 370 condenados; maioria do Alto Comando do Exército segue impune.
Há dois anos, em 8 de janeiro de 2023, o Brasil viveu um dos capítulos mais sombrios de sua história recente. Apoiadores da extrema-direita, em conluio com setores reacionários e antidemocráticos, tentaram subverter a vontade popular expressa nas urnas para tentar instaurar uma ditadura militar e um projeto político-econômico brutal contra a classe trabalhadora. Um ataque direto à democracia, ao Estado de Direito e às conquistas sociais arduamente alcançadas com a luta coletiva.
Esse episódio vinha sendo gestado durante os quatro anos do governo Bolsonaro-Mourão. Ao longo desse período, diversos acampamentos foram instalados na frente dos quartéis, abrigando familiares e amigos de militares de alta patente. Esses acampamentos não surgiram espontaneamente; eram financiados para manter ativa a intenção golpista, protegidos pelos próprios militares, que garantiram sua continuidade e alimentavam diariamente as conspirações de toda ordem.
Caso tivesse sido concretizado, o golpe teria beneficiado diretamente o Alto Comando do Exército. Esses mesmos generais, que governaram de fato entre 2018 e 2022, inflamaram seus subordinados e a massa de apoiadores com discursos, atitudes e ações que legitimavam a ruptura democrática. O que ocorreu em 8 de janeiro de 2023 foi o ápice de uma estratégia conduzida para enfraquecer as instituições democráticas e preparar o terreno para a volta da ditadura.
A Confetam/CUT reforça que não há justiça sem a punição dos crimes da ditadura militar de 1964, que permanecem impunes até hoje, e não há justiça para o 8 de janeiro sem reconhecer e responsabilizar os generais que participaram, direta e/ou indiretamente, desse projeto golpista.