Escrito por: Déborah Lima com informações do Sindsep/SP
Greve pela revogação da reforma da Previdência do Município completa 13 dias com adesão cada vez maior. Nesta terça (19), os servidores municipais fazem nova Assembleia Geral em frente à prefeitura.
Em greve desde o dia 4 de fevereiro pela revogação da reforma da Previdência do Município, os servidores públicos de São Paulo realizaram mais um grande ato em frente a Prefeitura, na tarde desta sexta-feira (15), conforme deliberação da última assembleia da categoria, ocorrida na quarta-feira (13). Vítimas de pressão da Administração Municipal, que ameaça cortar o ponto dos grevistas, milhares de trabalhadores da prefeitura saíram em caminhada até a Secretaria Municipal de Saúde.
A greve vem crescendo e colocando o prefeito Bruno Covas contra parede. Não adiantou o terrorismo feito pelo gestor, tampouco a advertência para o corte do pagamento dos dias parados. A reação dos grevistas foi exatamente oposta a esperada por Covas. Ao invés de intimidar o funcionalismo, as investidas da prefeitura contra os trabalhadores fizeram com que ainda mais servidores aderissem à Greve Geral Unificada pela revogação da Lei Municipal 17.020.
Não ao confisco!
Aprovada pela Câmara de Vereadores durante o recesso de Natal, a reforma da previdência municipal aumentou de 11% para 14% a contribuição previdenciária do funcionalismo e criou o SampaPrev, plano de previdência individual por capitalização para servidores municipais com salários acima do teto do INSS (R$ 5.839,45) contratados após a sanção da lei.
A reforma confiscará por ano R$ 1.080,00 dos servidores com salários de R$ 3.000,00 (R$ 90 por mês); R$ 1.440,00 de quem ganha R$ 4 mil (R$ 120 por mês) e R$ 1.800,00 de quem recebe R$ 5 mil (R$ 150 por mês). Os cálculos com base em salários hipotéticos foram feitos pelo Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep/SP), que está disponibilizando no site da entidade um simulador para os servidores dimensionarem o tamanho do impacto nos rendimentos de cada um (https://sindsep-sp.org.br/noticias/noticias/calcule-o-seu-confisco-salarial-4292).
Impacto nos salários
Salário R$ 3.000,00
Desconto 11%: R$ 330,00
Desconto 14%: R$ 420,00
Diferença mensal/anual: R$ 90 x 12 = R$ 1.080,00
Salário R$ 4.000,00
Desconto 11%: R$ 440,00
Desconto 14%: R$ 560,00
Diferença mensal/anual: R$ 120 x 12 = R$ 1.440,00
Salário R$ 5.000,00
Desconto 11%: R$ 550,00
Desconto 14%: R$ 700,00
Diferença mensal/anual: R$ 150 x 12 = R$ 1.800,00
Redução do poder de compra
"Na prática, a reforma da Previdência do Município achata os salários dos servidores, impondo uma perversa redução do poder de compra dos trabalhadores e de suas famílias. Portanto, a resposta da categoria não poderia ser outra, senão a greve geral unificada contra o confisco salarial imposto por Bruno Covas, com a cumplicidade dos vereadores de São Paulo", afirma a presidenta da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal (Confetam/CUT), Vilani Oliveira.
Acompanhada do secretário de Relações Internacionais da entidade, Assis Filho, e da diretora Sirdennys Santana, a presidenta da Confetam/CUT levou o apoio da entidade ao movimento nesta quarta-feira (13). Em solidariedade aos grevistas, os três participaram do ato que reuniu mais de 50 mil pessoas em marcha do gabinete do prefeito até a Avenida Paulista. Dirigentes nacionais do Ramo dos Municipais, Graça Costa e Junéia Batista, secretárias de Relações do Trabalho e de Mulheres da CUT Brasil, respectivamente, também participaram da manifestação.
Luta até debaixo d'água
Nem a chuva tirou a disposição de luta dos trabalhadores da prefeitura na tarde desta sexta (15), quando milhares de servidores, munidos de capas plásticas e sombrinhas que coloriram o ato, foram para a frente da Prefeitura avisar para Bruno Covas que o movimento "Não tem arrego!".
Segundo o presidente do Sindsep/SP, Sérgio Antiqueira, gestores de escolas, diretores e supervisores não só garantiram que descumprirão a ordem de informar os nomes dos companheiros que aderiram à greve, como também asseguraram que vão abraçar o movimento paredista, fechando as escolas e entregando a chave na coordenação da Diretoria Regional de Educação (DRE).
A cada dia que passa, afirma Sérgio, o movimento vem crescendo: mais Unidades de Saúde Básica aderiram à greve, a assistência social está mais de 90% parada, bibliotecários, trabalhadores dos Centros Educacionais Unificados (CEUs), do esporte, várias Prefeituras Regionais com servidores de nível básico, médio e universitário, além de diversas secretarias no Centro, estão parados.
Nova Assembleia dia 19
Nesta terça-feira (19), às 14 horas, os servidores públicos de São Paulo voltam a se reunir em Assembleia Geral Unificada, na frente a prefeitura, para deliberar sobre os novos passos da greve, que reivindica ainda reajuste salarial de 10%, extinção da política de aumento anual de 0,01%, convocação dos concursados e o fim da contratação de Organizações Sociais de Saúde pelo município.
"Aqui ninguém larga a mão de ninguém. Vamos fazer o enfrentamento. Importante na segunda-feira (18) organizar os comandos, parando as unidades, trazendo todo mundo na terça-feira (19). Quem não parou tem que parar”, convoca o presidente do Sindsep.
Confira a mensagem de Sergio Antiqueira:
https://www.facebook.com/sindsep/videos/2571673692903452/
Com informações do Sindsep/SP