Escrito por: Sinsep Jaraguá do Sul

Servidores de Jaraguá do Sul são absolvidos em processo administrativo instaurado por prefeito

Prefeito Antídio Lunelli processou 23 servidores públicos municipais que participaram da greve de 2017.

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A Justiça foi feita. No dia 20 de julho foi publicada a Portaria nº 547/2018, que decretou o encerramento do Processo Administrativo Disciplinar nº 006/2017 promovido contra 23 servidores públicos de Jaraguá do Sul (SC) que participaram da greve deflagrada em 2017, especificamente em relação a um evento ocorrido nas dependência do Sesi. Coube ao vice-prefeito Udo Wagner a decisão final, tendo em vista que o prefeito Antídio Lunelli reconheceu a sua suspeição em decidir a causa. Suspeição, esta, suscitada nas Alegações Finais apresentadas pela assessoria jurídica do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Jaraguá do Sul (Sinsep), já que Antídio Lunelli tinha interesse direto e pessoal no desfecho do caso, porque não só determinou a abertura do processo administrativo, como também compareceu na Delegacia de Polícia de Jaraguá do Sul para registrar um Boletim de Ocorrência. No Relatório Final, a Comissão Especial recomendou o arquivamento do processo, ante a inexistência de prova que amparasse qualquer punição. Os servidores foram acusados de fazer ameaças ao prefeito e de incitar à violência, além de tentar invadir o auditório do Sesi, onde ocorria evento com a participação de autoridades regionais.

Na decisão final, o vice-prefeito Udo Wagner acatou o parecer da Comissão Especial de Processo declarando a absolvição de todos os acusados. Já não pesa sobre suas cabeças o drama da ameaça de exoneração. Após a publicação da Portaria que absolveu os servidores, o Sinsep reuniu o grupo para deliberar e avaliar as medidas a serem adotadas em face da arbitrariedade promovida pelo prefeito Antídio Lunelli, ao instaurar um processo administrativo disciplinar que revelou-se infundado. Nenhuma prova foi produzida para comprovar as acusações feitas pelo prefeito. Alguns servidores manifestaram intenção de instaurar uma ação indenizatória e mesmo uma medida de retratação pública. Não foram poucos os efeitos de natureza moral, emocional e até material, e os prejuízos sobre os servidores injustamente acusados pelo prefeito, decorrentes da instauração do processo administrativo. Houve servidores que chegaram a adoecer por conta da tensão sofrida ao longo do excessivo e inexplicável período em que perdurou o processo.

“O desfecho favorável aos servidores é uma grande vitória da categoria e da própria greve, que foi provocada pelo prefeito”, comemorou o presidente do Sinsep, Luiz Cezar Schorner. “A absolvição foi uma vitória política, porque o prefeito não conseguiu provar nada contra os servidores”, completou. A diretora do Sindicato, Idinei Petry, que acompanhou pessoalmente o processo desde o seu início também resgatou a insegurança vivida por ocasião da greve: “Foi um período de muito sofrimento, a gente aproveitava qualquer possibilidade para tentar uma negociação com o prefeito, e foi o que fizemos naquela manhã, no Sesi. O prefeito tentou achar um bode expiatório, não conseguiu, e agora os servidores poderão tocar a vida com tranquilidade, respirar um pouco mais aliviados”, completou. Para o assessor jurídico do Sinsep, advogado Cesar Lenzi, o arquivamento da ação era previsível, “porque a acusação era frágil”. O advogado entende que o que levou o prefeito à instauração do processo foi o espírito punitivo e a vontade de vingança. “É preciso enaltecer a luta dos servidores pela manutenção das suas conquistas históricas e o direito de greve assegurado na Constituição”, defendeu o advogado, reforçando que “o maior ganho para os 23 servidores arrolados no Processo Administrativo Disciplinar foi a volta da segurança no trabalho”.

Entenda o caso

No dia 4 de abril de 2017, em greve há 22 dias, os servidores decidiram se deslocar da frente do Centro Administrativo Municipal, onde se concentravam todas as manhãs, até o Centro de Atividades do Sesi, na rua Walter Marquardt. O objetivo era, novamente, tentar uma negociação com o prefeito Antídio Lunelli que participava de solenidade com dirigentes da federação patronal de Santa Catarina, a Fiesc. Na ocasião, em virtude de informações distorcidas publicadas nas redes sociais, o Sinsep e o Comando de greve dos servidores divulgaram uma Nota de Esclarecimento sobre o episódio, lembrando que “em nenhum momento houve qualquer tentativa de invasão das instalações do Sesi pelos servidores, conforme insinuam os boatos mal intencionados”. Pelo contrário, ressaltou que o maior interesse dos servidores era de voltar ao trabalho, “desde que o prefeito negocie, pare de perseguir a categoria e efetivamente comece a governar a nossa cidade”.