Escrito por: Confetam
Foram cortados o acesso ao salão, banheiros, ar e até água. Trabalhadores que ocupam o auditório Nereu Ramos dizem só deixar o local depois de liberadas as galerias para votação do PL do Pré-Sal
Continua tenso o clima em Brasília, onde cerca de 120 trabalhadores cutistas - servidores públicos, petroleiros, educadores, estudantes, profissionais da saúde -, e movimentos sociais ocupam o auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados. Eles pressionam a Presidência da Casa a liberar as galerias do Plenário para que possam acompanhar a sessão de votação do PL 4567/16, que entrega o pré-sal para a exploração das multinacionais.
Sem banheiro, sem água e sem ar
"Já tiraram água, banheiros e ar. Estamos quase sitiados", denuncia a secretária de Relações do Trabalho da CUT Nacional, Graça Costa, que permanece no local. A ordem para que os seguranças fechassem o acesso ao salão, aos banheiros, cortassem o ar condicionado e até o acesso a água foram dadas pelo próprio presidente, deputado federal Rodrigo Maia (DEM/RJ).
Segundo Graça Costa, os dirigentes da CUT e os trabalhadores continuarão fazendo a ocupação até que o acesso às galerias do Plenário seja liberado.
Não deixe que baixe o espírito de Cunha
Por volta das 17 horas, a deputada Moema Gramacho (PT/BA) ocupou a Tribuna para pedir a Rodrigo Maia que liberasse as galerias. "Presidente, não deixe que o espírito de Eduardo Cunha (ex-presidente da Câmara) baixe em Vossa Excelência. Se o governo é fraco e não consegue trazer os seus deputados para votarem um projeto de interesse do próprio governo, que se deixe os trabalhadores entrarem", apelou a deputada. "Em nome do voto que eu lhe dei, para que eu não me arrependa, deixe-os entrar", completou.
Após a intervenção da deputada, o presidente da Câmara disse que tinha negociado com o líder do PT na Casa, deputado Afonso Florence (PT/BA), a entrada de 50 pessoas nas galerias, quantidade insuficiente para atender a demanda dos trabalhadores, que supera uma centena de pessoas.
Impacto de R$ 295 bilhões com aprovação
De acordo com o deputado federal José Guimarães (PT/CE), a aprovação PL 4567/16, que favorece as petrolíferas internacionais, provocará um impacto negativo de R$ 295 bilhões ao Brasil.
Até o fechamento da matéria, o governo ainda não tinha conseguido atingir o quórum mínimo necessário para a votação do PL 4567/16 no Plenário da Câmara.